A influência da inflação e o aumento do consumo

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O aumento do rendimento de base da população e a redistribuição da renda ocorrida nos últimos anos no Brasil estão por trás de muitos dos processos que agora se explicitam, para o bem ou para o mal. O mercado interno se expandiu, impulsionando o crescimento econômico, e reduzindo para níveis muito baixos a taxa de desemprego. O mercado de consumo ampliado teria também levado a indústria a níveis muito superiores de produção, mas o governo falhou em não adequar a política cambial às novas condições do mercado consumidor doméstico.

O Real se valorizou e as políticas para diminuir custos e ampliar a produtividade tardaram. Em grande medida, a maior inflação que o Brasil passou a registrar tem também correspondência com essa mudança na renda e no emprego da população. O maior consumo não teve equivalência imediata na disponibilidade de serviços,englobando tanto serviços de pequena ou média qualificação, como os serviços de alta qualificação. Entre a elevação do nível de demanda e a adequação da oferta que nesse caso pressupõe mudanças relevantes na distribuição do emprego e na formação e treinamento da mão de obra, transcorre um período relativamente longo no qual a inflação se acelera.Vivenciamos essa aceleração, agravada por uma excepcional pressão de aumentos de preços de alimentos entre fins do ano passado e o início desse ano.

Pois bem, fato novo é o impacto especialmente pronunciado da maior inflação sobre a atividade da economia doméstica.Como os novos consumidores têm ainda um padrão de consumo em que o grupo alimentos é preponderante e como o seu maior consumo de serviços implica em gastos regulares amparados ou não por contratos, o fato é que agora a atividade de vários ramos anteriormente beneficiados pelo boom de consumo da chamada baixa classemédiaacusafortereaçãonegativanamedidaemqueosorçamentosfamiliares tiveram que ser revisados para absorver o aumento de preços.

Assim, a produção industrial poderia ter tido desempenho bem mais favorável no primeiro quadrimestre se não fossem os revezes de setores como alimentos, bebidas, indústria farmacêutica, cosméticos e produtos de higiene e limpeza. Cabe observar que alguns desses ramos já tiveram melhora em abril, a exemplo de alimentos e indústria farmacêutica.

O comércio varejista sofreu impacto semelhante ou até proporcionalmente mais pronunciado que a indústria. Segundo os últimos dados, as vendas reais acumuladas no ano até abril cresceram 3%com relação ao mesmo período de 2012, a mais baixa taxa para períodos semelhantes nos últimos dez anos, quando, via de regra, os índices registravam avanços de quase dois dígitos. Outra ilustração: o movimento do varejo de abril não avançou absolutamente nada, tendo por base as vendas de dezembro de 2012.Preponderantemente, esta virtual estagnação decorreu do retrocesso de vendas em alimentos e bebidas e, em menor proporção, em móveis e eletrodomésticos.
 
Assim como na indústria, há sinais de que o comércio começa a recuperar, porém não denotando que repetirá a evolução de 8,4% do ano anterior. Em abril relativamente a março houve crescimento de 0,5%, interrompendo resultados muito ruins que perduravam desde novembro do ano passado. As vendas de móveis e eletrodomésticos voltaram a crescer. Alimentos e bebidas continuaram caindo, mas muito menos do que nos meses anteriores.



Veículo: Brasil Econômico


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