Mercado de esmaltes no país cresceu 12,6% no ano passado, com a movimentação de R$ 575 mi. Expectativa é que expansão não pare por aí. Lançamentos caem no gosto das brasileiras
Você prefere sair de conto de fadas ou de jeans? Na corda bamba ou de beijo? De mar de rosas ou de Penelope Charmosa? As opções de cores nos pequenos frascos de esmaltes nas prateleiras de salões de beleza, drogarias e esmalterias parecem não ter fim. Os preços dos vidros no Brasil vão de R$ 2 a R$ 44. Mas frascos de grifes como Chanel podem chegar a 90 euros. E basta as modelos vestidas com as criações de Karl Lagerfeld subirem às passarelas em Paris que começam as especulações quanto à cor do esmalte da próxima estação.
Sim, os vidrinhos coloridos de esmaltes de todos os gostos – e bolsos – vieram para ficar. E agora não são só as criações de roupas e make-up que estão chamando a atenção das mais antenadas do mundo fashion. Os esmaltes se transformaram em item de colecionadoras, febre de blogueiras, a nova coqueluche de marcas de celebridades como Ana Hickmann e Giovanna Antonelli, e de empresas de vários segmentos, como O Boticário e Le Lis Blanc. O Brasil tem hoje mais de 70 blogs de viciadas nas tintas para as unhas. As empresas não divulgam dados de faturamento com esmaltes ou unidades vendidas, mas pela quantidade de lançamentos que chegam às prateleiras é possível notar que os negócios vão bem.
O mercado de esmaltes no Brasil movimentou R$ 575,64 milhões no ano passado, alta de 12,6% em relação a 2011, segundo levantamento da Nielsen, empresa de pesquisa de mercado. O número de unidades vendidas somou 220,5 milhões no ano passado, aponta o levantamento. O Brasil é hoje o segundo maior mercado consumidor de esmaltes do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, conforme dados da consultoria Euromonitor. “Os esmaltes viraram acessório dentro da produção diária das mulheres. Hoje, são itens fundamentais nas cestas de beleza das consumidoras. Elas conhecem mais sobre o produto e por isso buscam novidades a cada dia”, afirma Juliana Barros, gerente de categoria de maquiagem da Avon Brasil, que conta com mais de 50 opções de cores de esmaltes na sua linha.
Nas prateleiras, é possível encontrar cores magnéticas (a tampa tem um ímã que forma um desenho), glitter, verniz de balada (brilha na luz negra), 3D (muda de cor) e holográfica (altera a coloração na luz). As novidades não param por aí. A Risqué lançou também sua linha de canetas para a decoração de unhas, que tem ponta fina e permite desenhar com precisão, e decorações como oncinha, zebrinha, florzinha e princesinha. “As consumidoras redescobriram a decoração, estão usando no seu dia a dia, nos mais variados estilos”, afirma Daniella Brilha, diretora de Marketing da Risqué.
A advogada Renata Passos se diz viciada e compulsiva por esmaltes. Em casa, ela tem cerca de 200 vidros, muitos dos quais ela nunca usou. “O esmalte compõe a roupa, principalmente de festa. E fala um pouco da personalidade da pessoa. Se você olha e está com a unha benfeita, é diferente de estar com a unha roída”, afirma Renata.
A blogueira e publicitária Denise Menezes tem cerca de 400 vidros de esmaltes. “Compro pela internet e acompanho os lançamentos. Todo mundo que viaja traz esmaltes como mimo pra mim também”, afirma. Em janeiro, ela lançou um blog (www.casademaria.blog.br) no qual fala de sua paixão pela maquiagem das unhas. “Acho que o esmalte acompanha a personalidade da pessoa. É como se fosse um diferencial a mais”, diz.
As butiques de esmaltes começam a ganhar espaço em Belo Horizonte. A franquia da Loucas por Esmaltes acaba de ser aberta no Shopping Espaço Mall, no Bairro Santa Inês. Na vitrine, 3,4 mil esmaltes em exposição. “O esmalte virou acessório de moda. Muitas consumidoras chegam a comprar de 40 a 50 vidros para ter em casa”, afirma Eliane Lott, proprietária da franquia.
Tem até butique
No Shopping Feira, no Buritis, a Le Vernis Esmaltes & Cia conta com cerca de 550 cores de esmaltes à venda. O quiosque foi inaugurado em abril e as vendas surpreenderam a proprietária do negócio, Letícia Sousa Moreira. “A empresa é nova e o resultado foi muito positivo. Já pensamos em montar uma franquia com o nosso nome em um ano”, afirma. Ela conta que há produtos para todos os tipos de público e faixas etárias. “Para as crianças temos os esmaltes da Hello Kitty, Super Poderosas e Monster High”, diz Letícia.
A pequena Carolina Lana, de 9 anos, é uma potencial colecionadora de esmaltes: ela tem 12 frascos em casa. “Por enquanto, pois quero ganhar mais”, diz. Ela usa as unhas coloridas desde os 5. “As mãos ficam mais alegres e valorizadas e os pés também”, afirma Carolina. (GC)
Unhas e brindes
Belo Horizonte vai ganhar em breve um Nail Bar, espaço que une espírito fashion, ambiente descolado e onde as unhas são tratadas como acessórios de moda. A ideia já chegou a outras cidades. A casa deve ser inaugurada no Bairro Anchieta e está contratando manicures para trabalhar das 12h às 22h.
PALAVRA DE ESPECIALISTA*
Estilo de vida
“O esmalte se transformou em acessório barato e com efeito. Hoje, você não consegue construir uma marca de moda só com roupa ou sapato. O esmalte é uma forma econômica de as empresas ampliarem o mix de produtos e requer baixo investimento. A consumidora brasileira tem grande dificuldade em ousar. O esmalte é uma iniciação à ousadia. Se a pessoa não gostar, ela tira. Tem mais ou menos o efeito da tatuagem de henna, que era testada por cerca de 20 dias. Ou seja, é uma ousadia sem grande responsabilidade. Para as marcas, é importante ter mix maior de produtos, mais consistência. Elas vendem um estilo de vida.”
Veículo: Diário de Pernambuco