Procura cresce com a busca por opções saudáveis, mas Pará ainda precisa avançar
Quando a empresária Ivanna Carneiro decidiu perder peso, saiu cortando alimentos da dieta, fechou a boca e dedicou horas a mais à malhação. A fórmula, no entanto, tinha um problema. “Eu me sentia muito cansada e sem disposição. O que era natural porque gastava energia, mas não estava comendo praticamente nada”, conta. Foi o conselho de um professor, na academia, e o incentivo do noivo, Cristian Casa, que levaram a empresária a uma mudança de hábitos alimentares que lhe rendeu menos seis quilos, em dois meses, e muito mais disposição. A base dessa nova dieta são os queridinhos de 10 entre 10 defensores da alimentação saudável: os alimentos orgânicos.
“Não estou preocupada apenas em viver muito, quero viver bem e acho que esse é o pensamento de muita gente hoje em dia. Percebi que, para isso, cuidar da alimentação era fundamental”, diz. E ela realmente não está sozinha. Em 2010, o interesse crescente por alimentos orgânicos fez com que a Secretaria de Estado de Agricultura (Sagri) incentivasse a união de pequenos produtores da agricultura familiar em torno da produção orgânica de frutas, legumes e verduras. Assim nasceu a Associação de Produtores Orgânicos do Pará, a Pará Orgânico, responsável pela organização da feira de produtos orgânicos que acontece semanalmente, em Belém, ora na Praça Batista Campos ora na Praça Brasil. Ontem, por exemplo, a feira foi realizada na praça Batista Campos. “A feira começa por volta das 8 horas e vai até o meio-dia, mas quem chega mais cedo encontra mais variedade”, aconselha sempre a agricultora Ana Cabral, que produz alimentos orgânicos há dois anos. Ela e o marido têm uma propriedade em um assentamento rural em Pau D’arco, Santa Bárbara, a cerca de 50 quilômetros da capital. Os dois plantam hortaliças, mas também há espaço para milho e macaxeira. O casal também cria galinhas e planta açaí e pupunha. Essa diversidade, aliás, é uma das características da produção orgânica. As outras são preocupação com o meio ambiente e não utilização de adubos sintéticos e agrotóxicos. Esse último o grande vilão da produção rural, apontado como causador de problemas digestivos, doenças neurológicas e degenerativas – como o Mal de Parkinson e Alzheimer – infertilidade e câncer.
SUSTENTABILIDADE
“Um dos princípios da produção orgânica é a sustentabilidade. A natureza nos fornece tudo que precisamos, por isso tudo que utilizamos aqui é natural. Isso faz bem para o solo, para quem produz e para quem consome. Ou você acha que o produtor não está se intoxicando com o veneno que borrifa na produção?”, questiona. Para ser considerado orgânico, o produto precisa estar em conformidade com as normas do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (Sisorg), do Ministério da Agricultura. Também desde 2010 está em vigor, no Brasil, a utilização do selo “Produto Orgânico Brasil”, que permite ao consumidor identificar se o que está levando para casa é realmente um produto orgânico. No Pará, ainda são poucos os detentores do selo. “Para conquistar o selo é preciso cumprir uma série de exigências que, infelizmente, ainda não é possível para o pequeno produtor, o produtor da agricultura familiar, que é a maioria no caso da produção paraense”, diz a gerente de Orgânicos da Sagri, Dulcimar Melo. Aqui, o que existe é um certificado que permite a produtores como Ana Cabral comercializar seus produtos diretamente com o consumidor.
Veículo: O Liberal - PA