BRASÍLIA – No esforço para combater a inflação de alimentos, o governo decidiu ampliar o limite de crédito de custeio para produtores das culturas de tomate, batata inglesa, cebola, feijão, mandioca, legumes e verduras. Em reunião extraordinária, o Conselho Monetário Nacional (CMN) elevou ontem de R$ 800 mil para R$ 2 milhões o valor que poderá ser emprestado a cada agricultor que cultivar esses sete alimentos. Os demais produtores do país tiveram o seu limite ampliado de R$ 800 mil para R$ 1 milhão dentro do Plano Safra 2013/2014.
O plano, já anunciado pela presidente Dilma Rousseff, prevê a destinação de R$ 136 bilhões para a agricultura brasileira, sendo R$ 97,6 bilhões para custeio e comercialização e R$ 38,4 bilhões para investimentos. Segundo o secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, João Rabelo, o objetivo da medida é aumentar a oferta de alimentos que vêm pressionando os preços no país. Ele explicou que as culturas foram selecionadas por terem registrado problemas de oferta e aumentos acima da inflação medida pelo IPCA nos últimos cinco anos.
— Queremos favorecer a produção de culturas que afetaram a mesa dos brasileiros no início do ano — afirmou Rabelo.
O tomate foi o alimento apontado como principal vilão da inflação no início de 2013. Em março, quando o IPCA acumulado em 12 meses superou o teto da meta fixada para o ano (de 6,5%) e bateu em 6,59%, a alta do produto no mesmo período atingiu nada menos do que 122%. A batata inglesa, por sua vez, registrava variação de 97,29% e o feijão carioca, de 26,47%.
No segundo trimestre, no entanto, os preços de alimentos começaram a recuar com a entrada de algumas safras no mercado e também com a desoneração da cesta básica feita pelo governo para segurar os índices de preços. Mesmo assim, até maio, a inflação do tomate em 12 meses ainda estava em 96,28%. A batata inglesa chegou inclusive a aumentar, acumulando alta de 130,4% em igual período.
O CMN também decidiu dar estímulo aos bancos para que direcionem empréstimos para os produtores de alimentos. A partir de agora, será adotada uma fórmula de cálculo pela qual a instituição terá ganhos maiores nessas operações.
Incentivos para os bancos
Os bancos são obrigados hoje a destinar 34% de seus depósitos à vista ao crédito rural. Caso descumpram essa exigibilidade, precisam deixar esses valores depositados no Banco Central sem qualquer remuneração ou pagar uma multa. Com a nova fórmula, a instituição que emprestar a um produtor de alimentos com taxas reduzidas terá uma margem para aplicar no mercado (num CDC, por exemplo) parte do que ficaria no BC sem rendimentos e, com isso, acabará obtendo ganhos maiores.
— Isso também vai favorecer a oferta de recursos para a produção de alimentos — afirmou Rabelo.
Veículo: O Globo - RJ