Aceleração das vendas em junho está ligada ao aumento do preço, com produtores voltando ao mercado.
Os produtores brasileiros de soja negociaram 78% da safra 2012/13, segundo levantamento divulgado pela empresa de consultoria Safras & Mercado, com base em dados recolhidos até 28 de junho. Em igual período do ano passado, a comercialização envolvia 92% e a média para o período é de 77%. No relatório anterior, de 31 de maio, o percentual estava em 71%.
Levando-se em conta uma safra estimada em 82,336 milhões de toneladas, o volume de soja já comprometido chega a 64,480 milhões de toneladas.
"Tivemos o firme andamento no fluxo dos negócios por parte dos produtores. Considerando a manutenção aproximada no tamanho da safra, a motivação central para a aceleração das vendas ficou concentrada na variável preço, que depois de um período de pressão voltou a subir neste último mês e trouxe os vendedores ao mercado", afirma o analista associado do Instituto de Pesquisas Agroeconômicas da consultoria Flávio França Júnior.
Neste caso, o cenário refletiu a combinação de cotações valorizadas no mercado de futuros da Bolsa de Mercadorias de Chicago (Cbot, na sigla em inglês) com a forte alta na taxa de câmbio. Já na ponta compradora, a motivação se manteve em linha com a sólida demanda externa e interna para soja e seus subprodutos e com os estoques de passagem, que podem não ser tão excedentes como se imaginava inicialmente, depois que a indústria revisou para cima de forma surpreendente o processamento do ano anterior.
Os preços da soja subiram no mercado doméstico e na Bolsa de Mercadorias de Chicago durante o mês de junho. Como conseqüência deste bom momento, a comercialização também ganhou força no mercado disponível na maior parte das praças do país. Além dos ganhos externos, a soja brasileira também ficou mais competitiva, devido à forte valorização do dólar frente ao real.
Levantamento de Safras indica que o preço médio da saca de 60 quilos em Passo Fundo (RS) evoluiu de R$ 60,90 para R$ 68,20 de maio para junho. Em Cascavel (PR), a média pulou de R$ 57,40 para R$ 64,30. Em Rondonópolis (MT), a cotação média subiu de R$ 52,65 para R$ 58,70.
Comportamento semelhante foi notado também em Dourados (MS), onde a saca de 60 quilos saltou de R$ 53,15 para R$ 58,90. A alta na média dos preços também foi percebida em Rio Verde (GO). Na região, a cotação em maio era de R$ 54,40. Em junho, o valor foi de R$ 60,20.
Um dos motivos para a alta foi o desempenho dos contratos futuros em Chicago. A posição julho teve média de US$ 15,21 em junho, contra US$ 14,77 por bushel no mês anterior. O aperto na oferta americana vem catapultando os preços no mercado doméstico americano, onde a soja tem sido negociada por valores recordes no período.
EUA - Esta elevação tem sido acompanhada pela Bolsa de Chicago, principalmente nas posições mais próximas, que se referem à safra velha. Na safra nova, o período foi de volatilidade, normal nestes meses, caracterizados pelo mercado de clima. Até o momento, a safra americana tem apresentando bom desenvolvimento, apesar de um ligeiro atraso no plantio. A perspectiva é de que a safra seja cheia, recompondo os estoques mundiais.
Além de Chicago, o câmbio favoreceu, e muito, a elevação do preço da soja no mercado brasileiro. A desvalorização do real deu competitividade aos produtos de exportação do Brasil e garantiu melhores valores internos. A moeda americana abriu junho cotada a R$ 2,143 e encerrou o dia 27 a R$ 2,196. No pico do período, o dólar bateu nos maiores níveis desde 2009, ato atingir a marca de R$ 2,258.
As preocupações com a economia mundial foram reforçadas após o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, ter acenado que poderá diminuir a injeção de recursos na economia daquele país. A possibilidade de desaceleração da atividade econômica americana trouxe insegurança ao mercado financeiro internacional e os investidores correram para o dólar, considerado um porto seguro neste momento.
Veículo: Diário do Comércio - MG