Como a nova safra de trigo brasileira só começa a ser colhida na primavera, no curto prazo há pouca perspectiva de reversão no quadro de escassez da matéria-prima no país. E o que é ruim pode piorar. Uma das alternativas de abastecimento é importar dos Estados Unidos, mas no final de julho vence a isenção da Tarifa Externa Comum (TEC), o que pode deixar 10% mais cara a compra do grão americano. Além disso, a disparada do dólar nas últimas semanas deve deixar a operação ainda mais onerosa.
Com a paralisação das exportações da Argentina até dezembro, principal fonte de abastecimento do Brasil, a saída reivindicada pelos moinhos é pedir ao governo federal que estenda até o final do próximo mês a isenção da TEC. Como uma carga demora entre 40 e 60 dias para aportar no país desde a data do pedido, o trigo chegaria apenas em agosto.
Os estoques públicos brasileiros, lembra o vice-presidente do Sindicato das Indústrias do Trigo no Estado do Rio Grande do Sul (Sinditrigo-RS), Gerson Pretto, deixaram de ser alternativa. No último leilão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), semana passada, os preços médios encostaram em R$ 800 a tonelada, quase 20% acima do valor de abertura do pregão.
– Está escasso. Restam ainda 100 mil toneladas que devem ser vendidas em julho – observa Pretto.
Veículo: Zero Hora - RS