Liquidação anima varejo mas cautela continua

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Depois de vender o dobro do previsto na última liquidação realizada na semana passada, a varejista Magazine Luiza ainda mantém os pés no chão e diz se armar para, no caso de um agravamento da crise, ter nas mangas ações para manter o fôlego e evitar o não cumprimento da meta de inaugurar até 60 lojas no decorrer deste ano. A estratégia é buscar recursos externos para não perder espaço e vendas em meio ao cenário de turbulência - um exemplo de como as redes de eletrodomésticos, eletrônicos e móveis se movimentarão este ano.

 

Além de tentar manter um bom fluxo de caixa e recorrer a financiamentos, uma alternativa encontrada pela cúpula da terceira maior varejista do País é vender mais uma porcentagem de suas ações ao fundo de private equity americano Capital International, que há aproximadamente quatro anos, comprou 12% das ações do Magazine por R$ 120 milhões.

 

"A empresa tem caixa para crescer e abrir as lojas, mas também depende de recursos externos. Devido à crise internacional estamos com dificuldade de captar dinheiro com investidores, por isso existe possibilidade de aumentar a participação do fundo de investimento no negócio", explicou Frederico Trajano, diretor de Marketing e Vendas da companhia ao DCI. O executivo comenta que a rede só não cumprirá seus planos caso ocorra alguma falha no fluxo de caixa ou financiamento externo.

 

Mesmo amargando resultado muito abaixo do esperado em novembro e dezembro - a alta média era de 15% e nestes meses foi para no máximo 4% -, a companhia encerrou o ano com faturamento de R$ 3,3 bilhões, ficando aquém dos R$ 3,4 bilhões previstos. Porém, foram 25% de crescimento no ano, atribuído aos dez primeiros bons meses do ano e das 47 lojas em São Paulo.

 

Este cenário levou o Magazine Luiza a trabalhar com a perspectiva de aumento nominal nas vendas para este semestre. "As vendas no conceito mesmas lojas nesse período, em relação a 2008, terão só a correção da inflação. A expectativa era crescer 10%. Caso janeiro e fevereiro sejam melhores vamos rever nossas metas do segundo trimestre para cima", afirmou Trajano.

 

Liquidação

 

A meta inicial da "Liquidação Fantástica" era vender R$ 70 milhões, valor 15% maior em relação ao 2007 e o que a rede já vendeu em apenas dez horas de liquidação, mas um balanço prévio indicou alta de 30%, o que fez a companhia estendê-la por mais um dia, até sábado (10 de janeiro).Calcula-se que pelo menos quatro milhões de clientes tenham passado pelas 447 lojas na sexta-feira, que contaram com 2,3 milhões de itens a 70% de desconto.

 

Para a ação, foram comprados mais itens conhecidos no varejo como "boi de cliente": que convençam o cliente a ir até a loja, como panela de pressão, refrigerador, liquidificador, TV 29 polegadas e TVs de LCD. Entretanto, para as compras do próximo mês, Trajano, disse ter sido a mesma quantidade do ano passado.

 

A varejista diz tomar cuidado para não repassar os preços ao consumidor. "Em alguns casos sacrificamos nossa margem, principalmente na linha de informática, em que sentimos mais o peso do câmbio".

 

Frederico Trajano crê ainda que o governo poderia aumentar os incentivos para a cadeia de eletroeletrônicos, que inclui a indústria e o varejo, assim como aconteceu com o setor automobilístico. "O setor de autos teve um respaldo maior, com mais incentivo a crédito, enquanto nós [indústria de eletrônico] ficamos à mercê das promessas do BNDES e dos bancos privados, cada vez mais conservadores", pontua.

 

Concorrência

 

Em diversos pólos comerciais de São Paulo, a iniciativa do Magazine Luiza e do Ponto Frio de abrirem suas portas aos clientes de madrugada levou os concorrentes Casas Bahia e Pernambucanas a iniciarem as atividades mais cedo para incrementar as vendas, como ocorreu no Shopping Aricanduva, na zona leste da capital paulista.

 

Segundo Marcos Vignal, diretor Comercial do Ponto Frio, o resultado parcial de vendas do "Dia D" foi além das expectativas. "A projeção de vendas do dia é equivalente ao que a rede fatura durante quatro sábados. Até o final da sexta-feira, já vendemos mais do que a 'Grande Liquidação' de janeiro de 2008". Foram negociados com a indústria milhares de produtos para a data e assim como no Magazine Luiza, a promoção foi estendida até sábado.

 

Já em relação ao quatro trimestre de 2008, a empresa ainda não revela o balanço, porém, garante que as expectativas foram atingidas. A empresa que também entrou na guerra pelo consumidor nas megaliquidações, passou toda a semana passada discutindo o orçamento para 2008 e prevê, assim como parte de suas concorrentes, que este ano será bastante difícil para o segmento.

 

"Os indicadores mostram uma dificuldade maior. Seremos frios e cautelosos e também enxergamos oportunidades neste cenário", analisa. Um dos impasses na companhia é se o crescimento será apenas orgânico ou haverá aquisições.

 

Aquisições

 

A Ricardo Eletro, quarta maior rede de "eletromóveis" do País, comandada pelos irmãos mineiros Ricardo e Rodrigo Nunes, fechou 2008 com ganhos de R$ 1,9 bilhão, 18% maior ante 2007.

 

De acordo o vice-presidente Rodrigo Nunes, a rede - no mercado há 19 anos -, está com boa saúde financeira tanto que "namora" duas outras varejistas no Sul e Sudeste, além de outra possibilidade no Nordeste. Questionado a respeito da sondagem pelo Grupo Pão de Açúcar no ano anterior, ele afirma que "as empresas conversaram com o intuito de unir forças e estabelecer uma joint venture, mas não houve avanço." Ele descarta a ideia de vender os negócios, já que a empresa é muito nova e os irmãos ainda não têm ao menos 40 anos.

 

"Não estamos em negociação com ninguém, mas se houver oportunidade podemos unir forças com outra companhia", afirmou. Entre 8 e 10 de janeiro, a empresa fez a 18ª edição de seu saldão, com descontos de até 80%.

 

Veículo: DCI


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