Os produtores de café do Brasil observaram, com preocupação, o final de mais um mês de preços fracos para o grão no mundo. A Bolsa de Mercadorias de Nova York (ICE Futures), balizadora das cotações internacionais do café arábica, fechou julho com as cotações mais baixas em quatro anos. O risco de geadas veio na segunda metade do mês no Brasil e causou a esperada especulação. Os preços subiram nas bolsas, mas, não havendo perdas significativas nas lavouras, a rotina de perdas retornou ao mercado.
Segue o sentimento de boa oferta entrando no mercado neste momento com a safra brasileira tendo condições climáticas favoráveis à colheita. No lado da demanda, nada mudou, os compradores seguem cautelosos, comprando da mão-para-boca, com as indústrias mantendo estoques mais curtos, não fazendo pressão de compra no mercado.
Durante o risco de geada, os preços em NY no contrato setembro chegaram a atingir US$ 1,34 a libra-peso. Mas, como diz o analista de Safras & Mercado Gil Barabach, com o fantasma do frio afastado e o clima favorável ao andamento da colheita no Brasil,o mercado de café perdeu o apoio climático e literalmente enfraqueceu.
"O avanço do dólar frente ao real, que favorece as exportações nacionais, ajuda a pressionar ainda mais as cotações. Enfim, as duas variáveis trabalham contra o preço da bebida, justificando o recuo no referencial global", afirma.
Para Barabach, a leitura no mercado internacional é que a safra brasileira ainda não pesou (sobre os preços). "O produtor brasileiro segue preocupado em desovar café remanescente e aguarda o governo. E quando a safra nova começar a ser ofertada com mais força? Ou até quando o produtor brasileiro irá esperar o governo? A corda já está esticada, com muitos se arrependendo de não ter vendido alguns meses atrás, ou mesmo, não ter aproveitado mais o repique climático da semana passada. nesse psicológico perturbador que muitos agentes externos estão apostando negativamente", afirma.
No balanço mensal, o contrato setembro do café arábica na Bolsa de Nova York caiu de 120,40 centavos de dólar por libra-peso (fim de junho) para 118,60 cents do final de julho, acumulando desvalorização de 1,5%.
Veículo: Diário do Comércio - MG