O mercado brasileiro de algodão encerrou o mês de julho com reduzido volume de negócios e com recuos nos referenciais de preços. No CIF de São Paulo, a indicação estava por volta de R$ 2,10 por libra-peso no dia 30. "Os lotes colhidos e processados foram destinados, em sua maioria, ao cumprimento de contratos antecipados", destaca o analista de SAFRAS & Mercado, lcio Bento. "Porém, aos poucos, o montante de oferta no disponível vem melhorando", frisa.
"Com isso, e com as indústrias nacionais retraídas, aguardando preços mais flexíveis a partir de agosto, é normal que haja a atual retração das cotações", pondera Bento. Porém, comparado ao mesmo momento do mês anterior, ainda conta com ganhos de 4,5%. E quando comparado à igual período do ano passado, há elevação de 36,4%.
Conforme o analista, esta grande diferença entre a cotação atual e a praticada no mesmo período do ano passado deve persistir no decorrer deste segundo semestre. "Tal perspectiva é embasada em três pilares principais: a redução da produção nacional, a alta dos preços internacionais e a desvalorização cambial", enumera.
No mercado internacional, tomando-se como referência o contrato spot negociado na Ice Futures US (Nova York), a alta em relação ao mesmo momento de 2012 era de 18,7% no dia 30 de julho. ôEsta elevação deve-se, em grande parte, à queda da oferta em importantes fornecedoresõ, ressalta Bento.
Nos Estados Unidos, maior exportador global, o suprimento no ano comercial 2012/13 era de 4,5 milhões de toneladas (pluma). No atual recuou para 3,789 milhões de toneladas (-15,8%). Na Índia, segundo maior exportador, a oferta é semelhante à da temporada anterior. Porém, para recompor os estoques perdidos nos últimos ciclos, o montante exportado caiu de 2,412 milhões de toneladas no ano comercial 2011/12, para 1,568 milhão de toneladas no 2012/13 e se prevê embarques de 1,263 milhão em 2013/14.
Na Austrália, terceiro maior exportador, o saldo exportável previsto para 2013/14 é de 914 mil toneladas, caindo de 30% em relação aos 1,306 milhão de toneladas da safra anterior. O Brasil, que nas duas últimas temporadas esteve entre os quatro maiores exportadores, também reduzirá sua participação no comércio internacional em cerca de 500 mil toneladas. "Diante deste quadro, uma recuperação mais expressiva só não ocorre devido aos elevados estoques chineses", finaliza o analista.
Veículo: Diário do Comércio - MG