Erva-mate lidera a alta da “inflação gaudéria”

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Para André Braz, economista da FGV, os aumentos do produto registrados desde o início do ano não se sustentarão por mais tempo

A vilã da inflação gaudéria, que reflete o comportamento dos preços dos itens típicos do consumo regional, é a erva-mate. Entre setembro de 2012 e agosto deste ano, o principal insumo do chimarrão aumentou mais de 51%, sete vezes mais que o custo de vida médio em Porto Alegre. Diagnosticado por um dos índices calculados pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o gosto mais amargo do preço do produto na gôndola, percebido desde o começo do ano, deve perder o fôlego, apostaram ontem especialistas da instituição ao divulgar os dados na Capital.

O economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV André Braz avaliou que os aumentos do produto não se sustentarão por muito mais tempo. Apesar de associada a uma escassez de oferta da matéria-prima (pela redução de área de cultivo com avanço da cultura da soja no Norte gaúcho), a alta acumulada deve ser revertida, a exemplo do fenômeno do tomate, que protagonizou uma mega escalada de preços nos primeiros meses.

Depois da erva, o arroz, com variação de 17,1%, e a costela de ovelha (15,94%) e suína (13,69%) também acrescentaram seu peso à inflação gaudéria. Um pequeno alento foi percebido no corte da maminha e no vinho, que registraram deflação, com queda de 3,58% e 3% respectivamente. O índice regional (que a FGV também pesquisa nas outras seis capitais integrantes do Índice de Preços ao Consumidor Semanal [IPC-S] modulando os ingredientes conforme a cultura local) alcançou 11,84%, levemente acima do grupo alimentação do IPC-S, que fechou em 11,17% no período. A média dos 12 meses para o conjunto de setores ficou em 6,48%.

Fora do cardápio que ganha ênfase na temporada dos festejos da Revolução Farroupilha, Porto Alegre registrou leve recuo do índice da FGV na segunda semana de setembro, de 0,52% para 0,47%, mas acabou liderando na escala da inflação nas sete capitais pesquisadas pela fundação. “O fato de o índice estar mais alto não significa que se manterá. Pesam muito agora itens dessa cesta regional”, associa o economista. O IPC-S geral semanal avançou de 0,25% para 0,27%. Outras altas ocorreram em Salvador (-0,08% para -0,06%), Belo Horizonte (0,20% para 0,29%), Recife (0,23% para 0,27%), São Paulo (0,10% para 0,19%), Brasília (0,33% para 0,32%) e Rio de Janeiro (0,40% para 0,33%).

Alimentação manteve ainda pressão nos preços locais, mas Braz avaliou que o segmento tem gordura para queimar nos próximos meses. Refeição fora de casa, serviços e educação mostraram aquecimento. Estudo da trajetória do IPC-S entre 2001 e 2013 (até agosto) revelou que a inflação acumulada da capital gaúcha ficou em quinto lugar no grupo, com 111,8%. Distrito Federal (105,27%) e São Paulo (102,68%) tiveram menores taxas, cuja média foi de 111,13% em quase 12 anos. O maior custo na série ocorreu em Recife. Porto Alegre teve maior peso, com 152,58% da alimentação, mas despesas diversas (147,6%) e educação, leitura e recreação (137,13%) indicaram padrão diferenciado de custos. O economista do Ibre identificou perfil de consumo e nível de renda como marcas da Capital, além de estabilidade em alguns mercados.

O impacto das taxas de preços, com expectativa de leve recuo geral do indicador em setembro, pode abrir uma janela para um reajuste da gasolina ainda neste ano, opinou o economista. O mercado cogita IPCA, parâmetro das metas oficiais, em 5,9% este ano. A defasagem de correção do combustível é uma das responsáveis por queda nos ganhos da Petrobras, que importa o produto e não repassa as oscilações do câmbio. Para Braz, a medida aliviaria eventual pressão sobre a inflação em 2014, caso a decisão seja tomada agora. O governo já sinalizou a medida. O especialista citou que a gasolina representa 3,8% da composição do IPCA, calculado pelo IBGE. Cada ponto percentual de aumento repercutiria em mais 0,04 ponto no índice. Com alta de 5% do preço, por exemplo, a transferência ao índice seria de 0,2 ponto, explicou a fonte da FGV.




Veículo: Jornal do Comércio - RS


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