Após divulgar avanços de mais de 20% no lucro e na receita de julho a setembro, a M. Dias Branco, maior fabricante de massas e biscoitos do país, vê um cenário positivo para os próximos meses. "Estamos otimistas em relação ao último trimestre de 2013 e a 2014", disse ontem Geraldo Luciano Mattos Júnior, vice-presidente de investimentos e controladoria da companhia, em teleconferência com analistas.
Segundo ele, o impacto do aumento do salário mínimo deve ser menor no ano que vem, mas, mesmo assim, a empresa continua investindo. A M. Dias Branco é dona de marcas como Adria (de massas) e Fortaleza, de biscoitos, uma das líderes no Nordeste.
O volume vendido em biscoitos cresceu 9,1% no terceiro trimestre e o de massas, 18%, na comparação com igual período de 2012. A companhia ganhou participação de mercado: passou a responder por 27,4% das vendas de biscoitos do país (alta de 1,1 ponto percentual) e elevou a fatia em massas em 3,4 pontos percentuais, para 28,5%.
De acordo com relatório divulgado na noite de segunda-feira, o lucro líquido da M. Dias Branco cresceu 24,1%, para R$ 141,9 milhões no terceiro trimestre, sobre o mesmo intervalo de 2012. A receita avançou 23,5%, para R$ 1,16 bilhão, puxada por maiores volumes (13,1%) e aumento de preço (9,5%). Mas os custos subiram mais: 24,3%, reduzindo a margem bruta em 1,2 ponto percentual.
Na conversa com analistas, o executivo da companhia afirmou que a nova liberação de importação de trigo de fora do Mercosul alivia o preço da matéria-prima. Na manhã de ontem, a Câmara de Comércio Exterior (Camex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), publicou no Diário Oficial da União uma resolução que autoriza a importação adicional de 600 mil toneladas de trigo sem a cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC). A alíquota, de 10%, fica zerada até 30 de novembro deste ano.
Brasil e Argentina - principal exportador de trigo para o país - enfrentam desde o ano passado problemas climáticos que reduziram as safras do insumo. A escassez encareceu o trigo e o governo brasileiro abriu a importação de outros mercados, em cotas, sem cobrar a alíquota de 10% sobre o trigo de fora do Mercosul.
"Creio que essa aquisição do trigo de fora do Mercosul até o fim do ano sem o pagamento da alíquota de importação dá um cenário de estabilidade no preço da commodity em reais para os próximos períodos", disse Mattos. Segundo ele, os estoques de trigo da companhia estão abastecidos até fevereiro.
Mattos afirmou ainda que a companhia está atenta a oportunidades de aquisições, embora não haja nenhuma negociação prevista no curto prazo.
Veículo: Valor Econômico