Com a presença do novo presidente do conselho de administração, Abilio Diniz, e do ex-ministro do Desenvolvimento Luiz Fernando Furlan, sócio, a BRF inaugurou ontem em Pernambuco a sua terceira fábrica de margarinas no país. O empreendimento, que custou R$ 150 milhões, foi erguido em Vitória de Santo Antão, que fica a 50 km do Recife, no mesmo complexo onde funciona desde 2009 uma unidade de embutidos.
Sob o comando de um entusiasmado Diniz, a empresa pretende ampliar sua participação no mercado nordestino de margarinas, que até então era abastecido pelas fábricas da BRF em Paranaguá (SC) e Uberlândia (MG). Com a produção em Pernambuco, a empresa espera aproveitar os custos logísticos menores para adotar uma política mais agressiva de preços e ganhar espaço de rivais como a Bunge e a cearense M.Dias Branco.
Informações fornecidas pela BRF apontam que o Nordeste representa hoje 30% do mercado nacional de margarinas, percentual ligeiramente superior à participação da região na população brasileira, que é de 28%. No ramo de margarinas desde 1991, a Sadia (controlada pela BRF) detém atualmente 56,2% do mercado nacional (em valor), segundo dados da Nielsen.
Além da expansão nas regiões Norte e Nordeste, a companhia também avalia iniciar a exportação de margarina, porém não forneceu detalhes da operação. A unidade de Vitória de Santo Antão começou a operar com uma produção mensal de 8 mil toneladas das marcas Deline (70%), Qualy (20%) e Claybom (10%). A capacidade fabril, no entanto, é de 16 mil toneladas/mês. A produção vai avançar de acordo com o ritmo de vendas.
Dizendo-se entusiasmado com a nova função, Abilio Diniz - no cargo desde abril - quer consolidar a BRF como a empresa do "capitalismo consciente", no qual o lucro vem em primeiro lugar, mas seguido de perto pelos compromissos com os funcionários e a sociedade.
Ao lado do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), pré-candidato à Presidência da República, Abilio anunciou o investimento e em seguida disse que "todo empresário gosta de carinho", no que poderia ser um recado ao governo. Questionado sobre a frase, no entanto, contemporizou: "Só disse que empresário gosta de carinho, nada além disso".
Abilio sinalizou ainda uma possível expansão da unidade de embutidos de Pernambuco, que produz hoje 9 mil toneladas/mês de presunto, mortadela e salsicha. E deu a entender que pretende acelerar a internacionalização da BRF, que segundo ele ainda não é uma empresa global. "Quem me conhece sabe que não tenho pressa, mas ando sempre em alta velocidade."
Veículo: Valor Econômico