A Açúcar Guarani, controlada pelo grupo francês Tereos, manterá seus projetos de expansão na área agrícola para a safra 2009/10, com início a partir de abril. "Acreditamos que 2009 será um ano de transição. Os fundamentos de mercado para o açúcar estão positivos", disse Jacyr Costa, presidente da companhia ao Valor.
A empresa divulgou resultados do terceiro trimestre e acredita que o cenário já começou a mudar para o setor sucroalcooleiro, seis meses depois de passar não tão ilesa pela turbulência financeira global. A divulgação do terceiro trimestre ocorreu apenas agora pois as companhias do setor agrícola seguem o ano-safra, que começa em abril e termina em março.
No terceiro trimestre, a receita líquida ficou em R$ 359,1 milhões, alta de 37,7% sobre o terceiro trimestre de 2007/08. A empresa encerrou o período com prejuízo líquido de R$ 113 milhões, ante lucro líquido de R$ 23,5 milhões. "Excluídos o efeito não-caixa e a amortização de ágio, teríamos registrado lucro líquido de R$ 14 milhões no período", disse Costa. A maior receita reflete a recuperação dos preços do açúcar e do álcool.
Tradicionalmente, os terceiros trimestres são melhores para as empresas do setor - e não foi diferente para a Guarani, disse Costa. No acumulado dos últimos nove meses, a receita líquida da empresa alcançou R$ 849,2 milhões, com aumento de 22,5% sobre igual período da safra anterior. No acumulado da safra, o prejuízo líquido ficou em R$ 241,4 milhões, ante lucro líquido de R$ 5,8 milhões.
Na safra 2008/09, o grupo processou 14,4 milhoes de toneladas de cana, aumento de 13,5% sobre a safra anterior. O mix de produção ficou em 59% para o açúcar e 41% para o álcool. Costa afirmou que a empresa pretende aumentar a capacidade de moagem de suas usinas em mais 500 mil toneladas de cana para a nova safra.
Segundo Costa, o grupo deverá atravessar este ano com um conforto maior, se comparado com o ano passado. A empresa aprovou aumento de capital, cujo valor mínimo é de R$ 193 milhões, integralmente garantido pelo acionista controlador, e no valor máximo, de R$ 309 milhões, considerando a adesão de todos os acionistas minoritários. No fim de 2008, a companhia concluiu um empréstimo com a própria Tereos (contrato mútuo) para garantir maior liquidez à companhia. "Acreditamos que com essa medida, a empresa esteja em boas condições de atravessar os próximos 24 meses com maior tranquilidade."
Com cinco usinas em operação no Brasil e uma em Moçambique, o grupo deverá processar 15 milhões de toneladas de cana no ciclo 2009/10. Além das usinas em operação, o grupo possui um projeto "greenfield" (construção a partir do zero) em Pedranópolis, no interior de São Paulo, que deverá ser concluído nos próximos meses, mas sem pressa por conta da crise.
Veículo: Valor Econômico