Demanda por gestores segue, apesar da crise

Leia em 4min 10s

No último trimestre de 2008, o mercado abriu cerca de 4,5 mil vagas para executivos, volume 10% superior ao verificado no mesmo período de 2007. Apesar do percentual positivo, esse número indica uma desaceleração no ritmo de criação de postos para gestores. Os dados são de um levantamento da DBM, consultoria especializada em gestão do capital humano.

 

No geral, 2008 foi um ano positivo para os profissionais que ocupam cargos de liderança. A demanda por pessoas para cargos de chefia intermediária, gerência e diretoria - passando por posições como diretor-executivo e conselheiros de administração - cresceu 37% em relação ao acumulado de 2007. "A demanda por executivos nos três primeiros trimestres de 2008 sustentou o ritmo de crescimento verificado no acumulado de todo o ano", destaca o presidente da DBM Brasil, Cláudio Garcia. Segundo ele, o mercado financeiro brasileiro, por exemplo, estava "contratando como um louco" até meados de setembro, mesmo com os claros indícios de que a crise havia estourado nos países desenvolvidos.

 

Mas, como era previsto, o último trimestre foi marcado por uma desaceleração das contratações. "Muitas empresas diminuíram o ritmo de procura por executivos no período, porém, ainda sem fechar definitivamente as vagas", acrescenta. Garcia explica que a DBM monitora a abertura de vagas para gestores e, por isso, os dados do levantamento dizem respeito ao mercado como um todo.

 

De acordo o levantamento, alguns setores mostraram fôlego e mantiveram a demanda por executivos. Este foi o caso dos segmentos relacionados à saúde, que tiveram altas expressivas no acumulado de 2008 e até mesmo no período de outubro a dezembro. As empresas do setor de medicina, por exemplo, ampliaram em 81% o número de vagas para gestores no ano e em 73% no quarto trimestre. Em menor velocidade, o mesmo ocorreu em setores como o de agronegócio e a indústria sucroalcooleira. "Estes setores têm como característica comum o foco no longo prazo. Isso os levou a manter em alta as contratações de profissionais para postos executivos, a despeito do novo contexto econômico", afirma Garcia.

 

Entre os segmentos que mais sentiram o impacto da crise e deixaram de abrir vagas ou chegaram mesmo a dispensar executivos estão os setores de construção civil, a indústria automobilística e de autopeças. Segundo Garcia, é natural que tais segmentos, mais dependentes do consumo e do crédito, sofram em períodos de contração econômica. "As instituições financeiras e os bancos também mostraram menor capacidade de abrir vagas para executivos no final do ano, mas, no saldo acumulado em 2008, mais contrataram do que demitiram", assegura.

 

As empresas ligadas ao mundo do consumo também sentiram o impacto da crise nos últimos três meses de 2008. O segmento de varejo, por exemplo, registrou no acumulado do ano um crescimento de 54% da sua demanda por executivos, mas apresentou queda de 16% no quarto trimestre.

 

Começo de ano positivo

 

Segundo Garcia, o número de vagas abertas para executivos em janeiro deste ano foi 4% menor do que o registrado em janeiro de 2008. "É um volume alto de vagas abertas pelo mercado, já que a base de comparação é alta", reflete. Segundo ele, esse é um indício de que o mercado para gestores continua aquecido, mesmo considerando o fato de que o mercado de trabalho, como um todo, esteja sofrendo abalos. "Em setores como o financeiro, haverá menos vagas por causa das fusões de grandes instituições, como é o caso do Santander com o Banco Real e do Unibanco com o Itaú. Por outro lado, o mercado de executivos financeiros, como profissionais de controladoria e diretores-financeiros, está aquecido, pois eles podem atuar em qualquer tipo de empresa", adiciona. Garcia evita fazer prognósticos de longo prazo, mas reforça que esse inicio de ano está sendo favorável. "Pelo menos, de acordo com o que estou percebendo, a crise não é tudo isso que estão falando, não", opina.

 

Garcia sustenta a opinião de que há vagas sendo abertas porque em muitas empresas esse procedimento é essencial, até mesmo em um momento de turbulência. "O mercado de executivos é bastante diferente daquele dos trabalhadores de níveis operacionais. Em uma época de crise, muitas vagas são para profissionais experientes", esclarece. O consultor, porém, destaca que os excessos cometidos no momento de euforia devem ser eliminados, como é o caso da remuneração excessiva de alguns profissionais. "Alguns setores pagaram caro por seus pelos executivos, que foram trazidos de outras indústrias. Esse desequilíbrio tende a diminuir, por meio da demissão de profissionais caros e pela contratação do gestores mais baratos", alerta. "Por falta de profissionais, o setor de construção civil, por exemplo, aumentou muito os salários, gerando remunerações absurdas. No mercado financeiro também há essa pressão por remunerações menores", completa.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


Veja também

Drogaria São Paulo inaugura mais uma filial em Santos

A Drogaria São Paulo, com 240 unidades, inaugurou mais uma loja em Santos, no litoral paulista, totalizando seis ...

Veja mais
Varejo popular prevê crescer até 5%, com lucros menores

Embalados pelo ritmo de carnaval, comerciantes de varejo popular esperam fechar o trimestre com crescimento de até...

Veja mais
Computador sem marca perde espaço

Fatia de mercado das máquinas “montadas” caiu de 70% para 34%, em cinco anos   Os computadore...

Veja mais
ANTT cria área para fiscalizar operadores

 Com a recém reformulada estrutura Organizacional da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)...

Veja mais
Consultoria investe na fabricação de cosmético

Em vez de apenas sugerir, fazer. A AA Mesquita, uma consultoria focada em reestruturação de pequenas e m&e...

Veja mais
Mercado publicitário cresce, porém menos

A crise financeira internacional só chegou para valer no terceiro trimestre do ano passado, mas tudo indica que o...

Veja mais
Supermercados: vendas surpreendem

Os negócios do segmento cresceram 3,78% em janeiro, em comparação com o mesmo mês do ano pass...

Veja mais
Usinas recompram açúcar de exportação

O mercado interno está pagando mais pelo açúcar e usinas estão cancelando contratos de expor...

Veja mais
Britânia fecha fábrica no Nordeste

A Britânia do Brasil anunciou o encerramento das atividades de sua unidade no Nordeste. Localizada em Camaç...

Veja mais