A indústria de transformação de plásticos amargou retração de 25% na produção no período de outubro a dezembro, agravada pela queda sazonal das atividades no mercado interno. As exportações de US$ 80 milhões, que correspondem ao embarque de 17 mil toneladas no período, ficaram 31,5% abaixo em valor e 24,5% menores em volume em relação ao mês anterior. Apesar do forte ajuste, que afetou também o nível de emprego do setor, as empresas acreditam na reação. "Há uma sensibilidade no setor de que voltamos a decolar", afirma Merheg Cachum, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast).
Esta reação não ocorrerá no mesmo ritmo vertiginoso que as empresas experimentaram em boa parte de 2008. A indústria produziu 5,67 milhões de toneladas e faturou US$ 21,9 bilhões no ano passado, valor equivalente a R$ 40,2 bilhões. Um resultado abaixo do esperado. As projeções anteriores indicavam receita entre R$ 43 e R$ 45 bilhões.
Inversão de tendência
"Há sinais de melhora no início do ano", comenta Cachum. O ajuste no quadro de pessoal provocou a perda de 5.539 postos de trabalho em novembro, e um saldo negativo de 9.200 em dezembro do ano passado, consequência da desaceleração acentuada no final do ano agravada pela sazonalidade. Em janeiro, esta tendência de queda se inverteu com o movimento de 13 mil contratações superando os 12 mil desligamentos do período.
A produção em 2009 foi revisada para 4,2 milhões de toneladas de manufaturados plásticos, volume 15% abaixo do apurado no ano anterior. Na avaliação dos produtores, o cenário é de queda e a produção deverá retornar aos níveis de 2005. "A retomada começa devagar. Estamos diante de um fato que exige cautela. O crédito não está fluindo no mercado", assinala Cachum.
Efeitos positivos
Entre os empresários, "existe uma convicção de que os incentivos e mecanismos que estão sendo criados para a retomada da economia estão funcionando", afirma o presidente da Abiplast. O efeito da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados para os automóveis, que proporcionou a melhora nas vendas de veículos, e as reações em produtos eletroeletrônicos, devem sustentar a produção. "Esperamos que a construção civil siga o mesmo caminho", declara Cachum.
Há segmentos que devem atravessar a crise com estabilidade. "As indústrias de embalagem caminham bem. No supermercado, todos têm de comprar produtos embalados", avalia. Os investimentos em bens de capital devem ser engavetados. "A ociosidade está em um patamar de 20%. Não há como investir em máquinas". Segundo Cachum, houve uma retomada de pedidos. "Espero que o desemprego tenha parado", assinala. Segundo o presidente da Abiplast, os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), utilizados como referências para a elaboração de cenários ainda não incorporaram os sinais de aquecimento. Com o avanço dos indicadores do instituto, as avaliações devem ganhar maior precisão.
Veículo: Gazeta Mercantil