Calçados: Mercado interno é o grande ativo do País, diz Diniz Filho

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O setor de calçados atravessa uma situação difícil, que deve perdurar até o final de março, segundo o diretor da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein. A expectativa é que a entrada da nova coleção reative os pedidos para o setor. "Não se sabe qual será o ânimo dos compradores, mas temos uma boa expectativa em relação à posição do Brasil. Esperamos que o setor volte a crescer e admitir funcionários", afirma.

 

A indústria de calçados já passava por dificuldades antes do aprofundamento da crise em setembro passado. Com o dólar mais barato, viu as suas exportações caírem e as importações de sapatos, principalmente chineses, dispararem. No último trimestre de 2008, a situação se agravou com a turbulência no mercado internacional, que resultou na demissão 48 mil empregados, um corte de 15% da sua força de trabalho. "Houve queda no desempenho em 2008. Para 2009, salvo algum cataclismo, a direção é para a estabilidade", diz Klein, sem arriscar números.

 

A Abicalçados avalia que o câmbio desvalorizado, inibindo a entrada de importações, e a queda na cotação do petróleo reduz os custos de produção tendem ajudar o setor a recuperar a sua competitividade. Além disso, os principais concorrentes, chineses e italianos, estão em situação mais complicada que o Brasil, declara.

 

Por enquanto, no entanto, a alta dólar não tem impedido o avanço do produto importado no mercado interno. Segundo Klein, fabricantes chineses reduziram os preços em cerca de 30% para desovar estoques no Brasil e compensar a retração da demanda nos países do Hemisfério Norte. "Isso justifica o processo de dumping contra o calçado chinês instalado no final de dezembro. Hoje, estamos em fase de levantamento de dados", afirma o executivo.

 

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), Aguinaldo Diniz Filho, é díficil prever quando ocorrerá uma recuperação diante do cenário de incertezas criado pela crise financeira mundial. Segundo o presidente da Cedro Cachoeira, o uso da capacidade instalada do setor, que emprega 1,6 milhão de trabalhadores, está atualmente abaixo de 80%. "Isso significa, conforme economistas, que não há necessidade de investimentos e gerar empregos", afirma o executivo.

 

A indústria têxtil e de confecção encerrou o ano passado com crescimento de 4% no faturamento, que atingiu US$ 43 bilhões. Após registrar um dos melhores desempenhos da história no terceiro trimestre de 2008, o setor reduziu o nível de atividade no final do ano passado, influenciado pela crise e pelos efeitos sazonais em dezembro.

 

Se o Produto Interno Bruto (PIB) avançar entre 1% e 1,5% neste ano, a indústria têxtil pode crescer de 2% a 2,5%, segundo Diniz Filho. Mas é possível atingir uma expansão maior, caso o dólar se estabilize entre R$ 2,30 e R$ 2,35, considerada a taxa de câmbio de equilíbrio pelo setor, e o governo trabalhe para preservar o mercado brasileiro das importações, principalmente da China. "Não falamos em protecionismo, mas condições isonômicas de competição. O grande ativo do País neste momento é o mercado interno, e o setor têxtil não precisa de crédito e sim da expansão da renda, ou seja geração de empregos. Caso esse tripé se sustente, é possível crescer de 3,5% a 4%", afirma.

 

Na indústria de eletroeletrônicos, os setores de equipamentos para infraestrutura, com destaque para obras nas áreas de petróleo e gás, continuam com boas perspectivas de negócios. Por outro lado, as projeções são pessimistas para bens de consumo, como o telefone celular. "As operadoras de telefonia móvel acumularam estoques bem elevados neste início de ano. Há sinais, no entanto, de que eles estão acabando e a indústria deve apresentar uma reação entre março e abril", afirma Luiz Cezar Rochel, o economista da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

 

Apesar da recuperação no período, a projeção da entidade para o mercado de celular ao longo do ano é de queda de 29% nas vendas em relação a 2008. Para a área de telecomunicações, a queda será menor, de 9%, graças aos investimentos em expansão da rede de terceira geração e banda larga mantidos pelas operadoras.

 

O setor de eletroeletrônicos como um todo deve encerrar 2009 com expansão de 4%, após alta de 11% na receita no ano passado. No final de 2008, a taxa de crescimento caiu de 15% no terceiro trimestre para 1% nos últimos três meses do ano.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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