A crescente absorção de hortifrutis produzidos no Estado do Rio de Janeiro e o faturamento expressivo concedem hoje aos supermercados papel de destaque no volume do agronegócio fluminense. O setor supermercadista é um dos mais importantes para a economia estadual - registrando no ano passado faturamento de R$ 9 bilhões e empregando 95 mil profissionais - ficando entre os primeiros contribuintes do Estado.
Os dados são da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento, que vem implementando uma série de programas que visa a fortalecer o trabalho dos produtores. Um dos atuais esforços da secretaria é a capacitação dos agricultores, oferecendo, por exemplo, tecnologia para o cultivo fora das épocas, evitando a superoferta e a distorção nos preços.
Apesar do cenário do agronegócio no Estado ser promissor, ainda falta um cálculo que possa esclarecer a dimensão do setor no PIB fluminense. O volume de negócios no setor é alto, no entanto, é muito fragmentado porque há várias produções. Para atrair novos investimentos, a Secretaria Estadual de Agricultura pretende, até o fim do ano, rever o cálculo do agronegócio fluminense.
A estimativa de crescimento para o setor supermercadista é de 5,7% este ano. A previsão parece afugentar a crise global do varejo alimentar e, em contrapartida, propiciar o cenário do agronegócio.
"Nossas vendas não cairam e a crise ainda não nos afetou. Em período de recessão, a alimentação sempre é a última a ser atingida. Nesse sentido, os supermercados são e continuarão a ser os grandes escoadores dos produtos do agronegócio", diz o presidente da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj), Aílton Fornari, que reuniu cerca de 40 mil empresários do setor entre os dias 23 e 26 de março, na 21ª Feira Super Rio ExpoFood 2009, no Riocentro, Zona Oeste da cidade.
Essa é segunda maior feira de alimentos, equipamentos, tecnologia, bebidas e serviços da América Latina, organizada pela Asserj. Na edição anterior, a Super Rio ajudou a movimentar R$ 40 milhões de negócios.
"O evento se consolida como um excelente encontro de negócios para o setor de varejo. A projeção é de que este ano seja negociado em torno de R$ 80 milhões, o dobro do ano passado", acrescenta Fornari. A Asserj agrega aproximadamente 650 supermercados dos mais de 1.300 disponíveis em todo o Estado do Rio.
Qualidade e bom preço
Todas as hortaliças e boa parte dos legumes e frutas à disposição hoje dos consumidores nas prateleiras dos supermercados são provenientes da produção hortifruti da capital. A preocupação com a qualidade e com os menores custos na hora da comercialização tem levado boa parte dos supermercados a aumentar a absorção do plantio do Estado.
Esse é o caso da rede Prezunic, que, segundo o diretor comercial Genival Bezerra, absorve 90% das hortaliças cultivadas no Rio e Grande Rio. A rede tem 29 lojas espalhadas na cidade.
"Compramos 25 mil unidades/dia de verduras no Ceasa e também direto com os produtores do Rio. De acordo com a demanda, muitas vezes precisamos fazer duas compras por dia, dobrando essa quantidade. Os benefícios dessa absorção são vários. As mercadorias são mais frescas, porque não perdem tanto tempo em transportes. O transporte também é mais barato e isso incide sobre os preços, que por sua vez ficam melhores para o consumidor", explica.
De acordo com o presidente da rede Zona Sul, Fortunato Leta, os 30 supermercados absorvem mais de 80% da produção de folhosas do Estado.
"Nós, do Zona Sul, temos a filosofia de ajudar a aumentar os negócios dentro do Rio. As hortaliças têm pouca vida útil. Daí, comprar mais perto é a melhor forma de garantir a sua qualidade. Só a parte de orgânicos vem de fora, porque o Estado ainda não apresenta oferta suficiente. Acredito que futuramente essa situação mudará, porque a rede Zona Sul tem uma boa parceria com o Estado, justamente para incentivar a produção", acredita Leta.
O presidente da Associação de Produtores de Hortigranjeiros do Estado do Rio de Janeiro (Apherj), Delcy Rezende, confirma que o melhor preço do hortifruti aliado à qualidade é o fator que mais favorece as negociações com os supermercados. Apesar dessa realidade fortalecer a comercialização, Rezende diz que nem sempre o alto volume de negócios beneficia os produtores, porque os insumos estão sempre aumentando.
"O cenário da produção se mantém positivo, no entanto, a vida do produtor poderia estar melhor se os preços pudessem acompanhar a oscilação de preços dos insumos. A Secretaria de Agricultura oferece boas linhas de financiamento para aumentar a produção no Estado, mas a maioria dos produtores não sabe construir projetos para extrair esses recursos. Acredito que uma parceria com a Emater, que pudesse escrever os projetos para os agricultores, facilitaria novos investimentos", defende Rezende.
Na avaliação do secretário estadual de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento, Christino Áureo, os supermercados dão abrangência, capilaridade e preserva a qualidade dos hortifrutis produzidos no campo.
"Graças ao trabalho desenvolvido por eles (supermercados), hoje temos um padrão de apresentação do produto final das redes do agronegócio para um ambiente urbano em um nível bastante competitivo, como se vê nos maiores países do mundo. Se não fosse a sua organização, logística e presença, com um considerável número de pontos de comercialização, seria impossível tanto para o produtor quanto para a agroindústria atingir o consumidor", enfatiza o secretário.
Áureo também destaca a participação de vários supermercados cariocas nos diversos programas da secretaria que visam a melhorar as condições de renda da população.
"Essa integração faz com que o agronegócio do Estado, a agricultura familiar, enfim todas as atividades pertinentes do mundo rural, possam ter sempre nos supermercados o seu parceiro preferencial. Eles têm valorizado cada vez mais a produção do Estado, fazendo desta forma que a população respeite o trabalho inestimável que milhares de homens e mulheres prestam diariamente em favor do abastecimento da população".
Veículo: Jornal do Commercio - RJ