Atacado indica que preço a consumidor cairá

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A diferença entre os índices de varejo e os índices de atacado mostra uma possível tendência de queda nos preços para o consumidor final. Apesar da elevação nos Índices de Preço ao Consumidor (IPC e IPC-S), apresentados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e Fundação Getulio Vargas (FGV), os Índices de atacado, IGP-M (Índice Geral de Preços para o Mercado e IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15) apresentaram queda durante o mês de março.

 

O IGP-M registrou em março a menor variação desde 2003, ao passar de uma alta de 0,26% para um recuo de 0,74%. Já o IPCA-15 teve inflação de 0,11% em março, valor abaixo das expectativas e menor que os 0,63% de fevereiro. Ambos sofreram o reflexo da queda na cotação de commodities e da redução do ritmo de atividade no mercado interno.

 

De acordo com a FGV e com a Fipe, a inflação no varejo da cidade de São Paulo acelerou novamente, no âmbito do Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S), os preços na capital paulista avançaram 0,87% no dado fechado de março, após subirem 0,67% no leitura anterior do indicador. O IPC, fechou o mês de março com elevação de 0,40%, acima da terceira quadrissemana do mês (0,29%) .

 

Para o diretor e vice-presidente de economia e finanças da Associação Nacional dos executivos de finanças, administração e contabilidade (Anefac), Roberto Vertamatti, não há dúvidas quanto a tendência de queda da inflação para ó varejo. "Quando vemos os índices de atacado em queda, podemos, normalmente, prever um reflexo nos índices de varejo." Ainda de acordo com Vertamatti, esse processo faz parte de uma série de longo prazo, que possibilita uma equiparação dos índices. "O que acontece no atacado reflete no mês seguinte, no máximo em 45 dias no varejo", acrescenta o vice-presidente.

 

Setores x mudanças

 

O recuo no IPCA-15 aconteceu em decorrência da queda de 0,43% no grupo Educação, que apresentou alta de 4,95% no mês de fevereiro deste ano, e pelo segmento Alimentação, que subiu 0,21%, arrefecendo de 0,44% no mesmo período.

 

Os preços de bens de consumo duráveis recuaram 1,60% em março. No mês anterior, subgrupo apresentou alta 0,46%. Contribuíram para o movimento itens como, refrigeradores e congeladores (-2,89%) e fogões (1,36%).

 

Segundo Mauro Calil, professor do Centro de Estudos e formação de Patrimônio Calil &Calil, o setor que irá sofrer mais com o momento econômico atual e apresentará deflação é o de bens duráveis, pela restrição de crédito no mercado. O grupo de alimentos, no entanto, vai variar muito pouco, mas não influenciará com força no índice.

 

O IGP-M, teve resultado abaixo das expectativas do mercado, que esperava uma deflação menor de 0,35%. No acumulado em 12 meses, o índice passou de uma alta de 7,86% para 6,27%.

 

Calil diz que os valores apresentados podem significar uma retração de consumo grande no atacado, pois o varejo não está comprando tanto. "Não é uma situação de competitividade normal, temos que olhar com ressalvas os números", explica.

 

"Há também influência de fatores no mercado interno, como a safra e queda nos preços de alguns produtos industriais, refletindo o ajuste de estoques no setor", acrescenta Calil.

 

Índices do varejo

 

Das sete capitais pesquisadas pela FGV, São Paulo foi a que registrou a maior inflação medida pelo IPC-S no mês de março. A capital paulista teve um aumento de preços maior do que a média nacional, de 0,87%.

 

Segundo Calil, a inflação de São Paulo foi influenciada principalmente pela alta nos preços de alguns gêneros alimentícios, como as frutas, que tiveram um aumento de 6,26%.

 

Brasília registrou IPC-S de 0,42% e foi a capital que apresentou maior aceleração, em relação inflação medida na semana anterior: 0,22 ponto percentual. De acordo com Vertamatti, a maior contribuição ocorreu devido ao aumento do salário mínimo.

 

Ainda segundo a FGV, das sete capitais usadas para cálculo do índice, todas apresentaram elevação de preços mais intensa, na passagem da terceira prévia do IPC-S, apurada até o dia 22 de março, para o dado fechado do indicador no mês passado.

 

As inflações registradas pelo IPC-S em março nas demais capitais também registraram aceleração de preços, em Belo Horizonte (de 0,72% para 0,78%); Brasília (de 0,20% para 0,42%); Salvador (de 0,25% para 0,35%); Rio de Janeiro (de 0,03% para 0,20%); Porto Alegre (de 0,75% para 0,83%) e Recife (de 0,45% para 0,49%).

 

Com relação ao IPC, índice que mede a inflação na cidade de São Paulo, divulgado Fipe, os valores apresentados superaram as previsões do mercado, que variavam de 0,27% a 0,38%, com mediana de 0,32%, segundo economistas entrevistados pela reportagem.

 

O grupo Habitação fechou fevereiro com taxa de 0,37%, caiu para 0,21% na terceira quadrissemana de março e ficou em 0,25% no fechamento do mês. Alimentação terminou o mês retrasado com taxa de 0,33%, subiu para 0,54% na terceira prévia de março e fechou o mês em 0,70%. Transportes encerrou fevereiro com índice de 0,34%, caiu para 0,14% na terceira apuração de março e para 0,09%, no índice fechado. O grupo Despesas Pessoais ficou em 0,29% em fevereiro, acelerou para 0,55% na terceira quadrissemana de março e voltou a subir no encerramento do mês (0,80%). Saúde registrou variação de 0,21% em fevereiro, caiu para 0,13% na terceira leitura de março e subiu para 0,23% e Educação passou de 0,13% para 0,09%, na pesquisa divulgada.

 

"As despesas pessoais cresceram, na próxima leitura do IPC, se os valores não diminuírem é por que conseguimos manter a demanda do varejo, se for verificada uma queda, significa que tivemos uma pressão do setor e que este parou de gastar", analisou Calil.

 

Vestuário teve queda de 0,61% em fevereiro, registrou resultado negativo em 0,11% na terceira quadrissemana de março e, agora, volta ao terreno positivo, com variação de 0,56%. Educação apresentou taxas idênticas em fevereiro e na terceira prévia de março (0,13%), mas recuou para 0,09% no encerramento do mês.

 

"Se as pessoas estão tristes e não tem confiança na economia do País, elas param de consumir e se retraem, no entanto, se as pessoas consomem e gastam, tudo indica que elas estão confiantes. Nós vamos conseguir manter uma demanda normalizada, porque o mercado interno está saudável", explicou Calil.

 

Veículo: DCI


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