A Caixa Econômica Federal está reservando entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões para conceder financiamentos a grandes redes varejistas, seguindo orientação do governo para sustentar as vendas de eletrodomésticos. O Banco do Brasil, que já empresta R$ 4 bilhões ao segmento, também está ampliando a disponibilidade de recursos para o comércio, sem limite para os empréstimos além da avaliação de riscos. "Entraremos em contato com as grandes lojas nessa semana para colocar os recursos à disposição", disse o vice presidente de finanças da Caixa, Marcio Percival. "Há o interesse do governo de manter as vendas do comércio, mas também identificamos uma oportunidade para a expansão nesse mercado, sobretudo no crédito direto ao consumidor."
O BB, informa uma fonte, iniciou negociações com o Magazine Luiza, que mantém contrato de exclusividade com o Unibanco, para atuar no financiamento direto ao consumidor. "As grandes redes de varejo fizeram casamentos com bancos privados", diz essa fonte. "Mas, com a crise, esses casamentos também entraram em crise, e o BB está iniciando um namoro."
Os bancos federais já possuem linhas voltadas para o varejo, em geral com juros mais baixos do que os cobrados pelas instituições financeiras privadas - por isso não será necessário criar nada de novo. A atuação dos bancos federais se dará em duas instâncias. Primeiro, fornecendo capital de giro para os varejistas recomporem estoques. Segundo, dando crédito ao consumidor. "Nossa contribuição será justamente fazendo parcerias com as grandes redes de varejo que permitam que os consumidores escolham diretamente os produtos", disse a presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho.
Um dos problemas, porém, são os acordos de exclusividade com bancos privados. Exemplos são o acordo da Casas Bahia com o Bradesco, do Magazine Luiza com o Unibanco e do Pão de Açucar com o Itaú. No formato atual, as instituições públicas não podem montar unidades de atendimento nas lojas. A crise, que levou os bancos privados a subir juros e restringir crédito, criou nova oportunidade.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que o governo poderá tomar medidas adicionais para reduzir os spreads bancários. "Algumas medidas já foram tomadas e estamos aguardando. Caso seja necessário, poderemos tomar mais medidas." Ele disse que as mudanças em estudo na remuneração da caderneta devem preservar os depositantes.
Veículo: Valor Econômico