Nestlé mantém liderança no ranking do leite

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Apesar de a Perdigão ter feito duas importantes aquisições de empresas de lácteos entre o segundo semestre de 2007 e o primeiro semestre de 2008, a companhia não conseguiu superar a DPA/Nestlé (joint venture entre Nestlé e Fonterra) no ranking das maiores em captação de leite no país no ano passado. Levantamento da Leite Brasil, com dados de 14 empresas, mostra que a Nestlé captou 1,9 bilhão de litros em 2008, 5,6% mais que no ano anterior. Já a Perdigão fechou 2008 com captação de 1,671 bilhão de litros, aumento de 6,4% em relação a 2007.

 

Naquele ano, a Perdigão ainda não aparecia no ranking - a Batávia, que já era sua controlada e a Elegê, adquirida no fim de 2007, estavam discriminadas individualmente. A Elegê, que passou às mãos da Perdigão com a aquisição da Eleva (antiga Avipal), tinha uma captação de 1,324 bilhão de litros, e a Batávia, 246,5 milhões de litros em 2007. No primeiro semestre de 2008, a Perdigão comprou a Cotochés e com isso passou a receber 1,671 bilhão de litros no ano.

 

A mineira Itambé, que já havia sido a terceira no ranking de recepção de leite em 2007, manteve o posto, com captação de 1,240 bilhão de litros, 13,8% mais do que no ano anterior.

 

Chama a atenção no ranking o crescimento expressivo da captação da gaúcha Bom Gosto, que também fez aquisições e saiu de uma captação de 632,7 milhões de litros em 2007 para 966,4 milhões de litros no ano passado. Isso ocorreu em boa parte graças à incorporação da paranaense Líder, em outubro de 2008, operação patrocinada pela BNDESPar. O braço de participações do BNDES já tinha 23% do capital da Bom Gosto. Na operação envolvendo a Líder, aportou mais R$ 200 milhões e ficou com uma fatia de 33%.

 

A Bom Gosto é seguida na lista por Parmalat e Nilza, que tiveram ganhos elevados na captação, de 25,7% e 88%, respectivamente. A Parmalat vinha numa estratégia agressiva de crescimento, mas no segundo semestre de 2008 passou a se desfazer de ativos por conta de dificuldades financeiras. Em setembro, vendeu os ativos da marca Poços de Caldas, que havia comprado quatro meses antes, para o Morrinhos, da GP Investimentos.

 

Também a Nilza buscou se expandir no ano passado. Com a compra da mineira Montelac, que disputou com a Parmalat, conseguiu ampliar a recepção. Endividada, justamente por essa aquisição, e sofrendo os efeitos da crise global, a Nilza teve de recorrer à recuperação judicial no fim de março.

 

Para o presidente da Leite Brasil, Jorge Rubez, o fato de ter um grande portfólio, com produtos líderes de venda no mercado, contribuiu para que a Nestlé mantivesse o primeiro lugar no ranking.

 

Além disso, o levantamento da Leite Brasil mostra que em 2008 a produtividade média dos pecuaristas que entregam diretamente para a Nestlé ficou em 562 litros/dia, abaixo dos 567 de 2007, mas ainda num patamar elevado, superior aos que entregam para a Perdigão, de 166 litros por dia.

 

A Nestlé diz, por meio de sua assessoria, que o primeiro lugar no ranking é fruto do programa de boas práticas na produção de leite, visando a qualidade, e que prevê prêmios a pecuaristas. A Perdigão não se manifestou.

 

A expectativa é que a Nestlé amplie a captação este ano, sobretudo porque entra este mês no segmento de leite longa vida premium. Em recente entrevista ao Valor, o presidente da empresa, Ivan Zurita disse que "existe um espaço para ser ocupado nesse mercado [de leite longa vida] e o nosso plano é ter 5% dele no menor prazo possível". A Nestlé quer abocanhar 250 milhões de litros do total de 5 bilhões de litros que o mercado de longa vida movimenta por ano.

 

Segundo Rubez, a Nestlé já está no mercado buscando leite "de bastante qualidade para fazer longa vida". A empresa, diz ele, "vai entrar no vácuo" deixado pela Parmalat, que voltou a perder espaço no mercado. A permanência da Nestlé no primeiro lugar não surpreendeu Rubez, que observa que a Perdigão, apesar da recente investida, não é tradicional em leite.

 

Na época em que adquiriu a Cotochés, em abril de 2008 , a capacidade instalada da Perdigão foi a 1,880 bilhão de litros por ano, e a intenção da empresa era atingi-la imediatamente. Os números mostram que não conseguiu, reflexo da piora do mercado de leite no segundo semestre de 2008. Além disso, a Perdigão desfez parceria com a Central de Laticínios do Estado de São Paulo (CCL), que deixou de captar leite para a empresa. O acordo tinha como objetivo a produção de itens da marca Elegê.

 

Mas a captação da Perdigão deve voltar a crescer este ano com a entrada em operação da planta de lácteos localizada em Bom Conselho (PE). A previsão era que esta entrasse em operação no primeiro trimestre, mas a crise contribuiu para adiar a inauguração para o fim de junho.

 

Depois de ampliar a captação em quase 14% em 2008, a previsão da Itambé é de estabilidade este ano, diz o presidente Jacques Gontijo. "Crescemos muito em 2008, o dobro do Brasil", comenta. Segundo o IBGE, a captação inspecionada no país subiu 7,5% em 2008, para 19,2 bilhões de litros. Gontijo observa que as exportações de lácteos do país ainda estão fracas neste semestre, apesar da elevação dos preços internacionais. Para 2010, porém, a intenção é voltar a crescer. "Temos planos de aumentar a capacidade. Vai depender da recuperação da economia", afirma.

 

Rubez, da Leite Brasil, também é cauteloso e avalia que, se houver crescimento na captação do país, será algo na casa dos 2%. O que preocupa, diz, são os custos altos de produção, que desestimulam os pecuaristas e as incertezas quanto à demanda nos mercados interno e externo.

 

Veículo: Valor Econômico


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