Autoras ajudam os gestores a desvendar a "womenomics"

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Os líderes empresariais correm risco quando ignoram as questões relacionadas aos gêneros. Essa é a opinião de Avivah Wittenberg-Cox, presidente da 20-First, uma das principais consultoras de gênero da Europa. Em seu novo livro, intitulado "Why Women Mean Business" (algo como "Porque Mulheres são Sinônimo de Negócios’’), ela e a co-autora Alison Maitland dizem que as organizações que compreendem a chamada "womenomics" ganharão a guerra pelos melhores talentos e a batalha pelos clientes. "Womenomics significa que há, hoje, grandes oportunidades de econômicas para as empresas que compreenderem melhor as mulheres", diz Avivah.

 

Os líderes empresariais falam, há anos, de guerras para a conquista de talentos. Esses executivos reclamam que não conseguem encontrar pessoas qualificadas em número suficiente para preencher os níveis de liderança, e isso mesmo nessa época de crise econômica. Avivah diz que isso ocorre em parte porque as companhias não estão utilizando nem metade dos talentos que têm à sua disposiçao. Há 10 ou 15 anos, os líderes empresariais pensavam que era só uma questão de tempo para as mulheres serem promovidas a diretoras. "Por quanto tempo ainda poderão sustentar isso se selecionam de 80% a 90% de homens, num mundo onde 60% dos graduados são mulheres", pergunta.

 

Avivah rejeita a existência de uma barreira de preconceito detendo as profissionais. Ela diz que as mulheres talentosas estão ingressando nas empresas no mesmo nível de qualificação que os homens, mas a cada nível hierárquico, o número de mulheres cai e o número de homens cresce. Em vez de um barreira de preconceito, ela vê uma espécie de "isolante de gênero".

 

Em alguns casos, as profissionais não estão recebendo as promoções e às vezes elas preferem desistir do mundo corporativo, criando um negócio próprio. Enquanto isso, os líderes empresariais acreditam que fazem as promoções com base em méritos. "Há algo no mundo e na cultura organizacional que dá preferência aos estilos masculinos. Se queremos tirar o melhor da outra metade da reserva de talento, é preciso mudar isso", diz Avivah.

 

As empresas, diz Avivah, estão perdendo outra importante oportunidade relacionada aos gêneros: as consumidoras. As mulheres tomam 80% das decisões de compra. Essas decisões não se limitam a compras de supermercado, roupas e cosméticos. Elas incluem carros, serviços financeiros, casas e produtos eletrônicos. Mas as autoras de "Why Women Mean Business" argumentam que a maior parte das empresas não fazem pesquisas para atender a esse mercado.

 

Avivah conta a história do presidente da Nissan, Carlos Ghosn, que descobriu que as mulheres são responsáveis por dois terços das compras de carros no Japão. Ele concluiu que 80% dessas mulheres preferem equipes de vendas femininas nos consórcios, mas só 10% da equipe de vendas da Nissan é composta por mulheres. Além disso, Ghosn concluiu que 50% dos compradores de carros masculinos preferem ser atendidos por vendedoras. Comercialmente, faz sentido para a Nissan e para outras empresas aumentarem o número de mulheres gerentes e satisfazer as compradoras.

 

No livro, Avivah e Alison oferecem algumas dicas práticas para os líderes empresariais começarem a avaliar suas próprias empresas e fazer mudanças. Por anos, os programas para promoção de mulheres foram dirigidos às mulheres. Há programas de liderança feminina, instrução para mulheres e treinamento de pensamento positivo para mulheres, mas até agora esses programas não deram a elas acesso aos níveis de diretoria e gerência.

 

Elas dizem que as empresas têm de adotar uma linguagem mais bilíngue no que diz respeito aos gêneros. As organizações gastaram milhões de dólares ensinando os funcionários a serem culturalmente sensíveis e a prestar atenção nas diferenças globais. As empresas têm de fazer o mesmo com os gêneros.

 

A maioria dos homens não tem ciência de que há uma linguagem feminina. E Avivah diz: não é culpa deles. Nos últimos 50 anos, as mulheres têm pedido para receber o mesmo tratamento que os homens", ela observa. "Eu diria que esse, na verdade, é o problema que enfrentamos hoje: o de não sermos iguais".

 

As mulheres estão cada vez mais cientes das diferenças e agora as organizações têm de procurar meios para entender a diversidade assim como as oportunidades, para que possam efetivamente coordenar equipes mistas. As autoras acreditam que esse é o momento para as empresas se esforçarem para ajudar a cultura corporativa e práticas de liderança a evoluírem na direção da integração dos talentos feminino.

 

A crise econômica não deve derrubar esse projeto. Avivah diz que vê companhias inovadoras aproveitando a crise para reformar, repensar e adaptar seus modelos e estilos de negócios para o futuro. Ela acrescenta que essas empresas, por isso, verão uma grande diferença no desempenho corporativo nos próximos anos. Por fim, a mudança em direção à "womenomics" precisa ser motivada pelas decisões de negócios, diz Avivah, acrescentando: "É uma questão de estratégia".

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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