Setores como avicultura e pecuária leiteira sofrem perdas

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Os protestos de caminhoneiros em praticamente todo o Brasil, que hoje completam cinco dias, passaram a representar um risco sanitário, à medida que o fornecimento de rações e o transporte de animais e cargas refrigeradas estão comprometidos pelas manifestações. Produtores de leite de diversas regiões do País já estão se desfazendo do alimento, enquanto o setor de café alega perdas diante da dificuldade de exportações.

 

Diante da situação que paralisa exportações dos principais produtos do Brasil e o abastecimento das cidades, além de gerar risco de mortandade das criações das indústrias de carnes, o ministro de Agricultura, Blairo Maggi, pediu que o governo use a força policial para liberar as estradas.

 

Em nota nesta quinta-feira, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) alertou para o "risco iminente de fome" para suínos e aves, o que poderia culminar com uma mortandade de criações. Além disso, ao todo, 120 unidades processadoras de carnes já suspenderam as atividades em decorrência dos protestos.

 

"Está travada em vários pontos a circulação de caminhões de ração, que levariam alimentos para os criatórios espalhados por pequenas propriedades dos polos de produção. A situação nas granjas produtoras é gravíssima", destacou a ABPA.

 

Em Santa Catarina, um dos principais produtores de aves e suínos no Brasil, o risco é de "imprevisível impacto de ordem sanitária" em decorrência dos protestos, afirmaram o Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado (Sindicarne) e a Associação Catarinense de Avicultura (Acav).

 

Leite - Produtores de leite de todo o País sentem os efeitos da greve dos caminhoneiros e veem milhões de litros serem descartados. Na região de Passos, no Sul de Minas Gerais, mais de 500 mil litros já foram jogados fora porque, com a falta de transporte, o produto se perde em pouco tempo e não há como utilizá-lo.

 

Nas proximidades, caminhões seguem parados em mais de 20 rodovias, porém, os protestos afetam também outras regiões do Estado, caso do Sudoeste mineiro, onde 150 mil litros foram descartados ontem.

 

Segundo a Associação dos Produtores de Leite, a situação gera "sentimentos de tristeza, indignação e revolta com nossos governantes". A entidade explicou, em nota, que o alimento será descartado como chorume nas fazendas, "enquanto tantas pessoas necessitam dele, pois somos proibidos de doá-lo sem que seja pasteurizado".

 

Para piorar, além de jogar o leite fora, produtores dizem que o risco é grande de começar a faltar ração para os animais.

 

Em outros estados, o problema também é sentido. No Rio Grande do Sul, o sindicato da indústria de laticínios estima que 4 milhões de litros já deixaram de ser captados devido ao movimento dos caminhoneiros. No Mato Grosso do Sul, que soma 24 mil produtores, a falta de transporte também ocorre e eles dizem que começarão a descartar o produto. No estado, são mais de 30 pontos de bloqueios nas rodovias.

 

No Paraná, o Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados (Sindileite) informou que o leite é jogado fora pelo produtor "por não ter como estocar em suas propriedades". E que diversas agroindústrias suspenderam as atividades e não estão recebendo o produto in natura.

 

Já no Rio de Janeiro, a Cooperativa Agropecuária de Barra Mansa esclareceu que "com muito ressentimento e dor no coração", os produtores serão obrigados a descartar mais de 130 mil litros de leite por dia "que centenas de pessoas envolvidas labutaram para produzir".


Café - O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) divulgou comunicado no qual alerta para a importância de manutenção do fluxo do comércio do café, que pode ser prejudicado pela paralisação dos caminhoneiros. O Cecafé destaca que durante a atual entressafra de café os embarques em maio representam cerca de 6 mil contêineres, o que equivale a uma receita de aproximadamente US$ 350 milhões, que pode deixar de ser gerada para o País.

 

Segundo o Cecafé, as graves consequências aos setores produtivos demonstram a necessidade urgente de que sejam tomadas as devidas medidas por parte do governo federal e pelos governos estaduais.

 

Os associados do Cecafé são responsáveis pela logística e movimentação de 60% da safra brasileira de café, abastecendo a indústria de torrado, moído e café solúvel no âmbito interno. O setor representa 96% das exportações brasileiras de café verde do Brasil, maior país exportador mundial e segundo maior consumidor global.



Fonte: Diário do Comércio

 


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