Personalização completa. Essa pode ser a alternativa de diferenciação para algumas publicações no mercado editorial. É nisso que a gigante chinesa Asia Pulp & Paper (APP) apostou ao fechar uma parceria com a PaperTech para distribuição de seus produtos especiais. Mais do que vender, a empresa - uma das maiores indústrias de papel e celulose do mundo, com ativos de mais de US$ 10 bilhões e produção anual de mais de 13 milhões de toneladas - quer estreitar o relacionamento com as principais gráficas digitais e birôs de impressão do Brasil. O objetivo é mostrar todas as possibilidades que a impressão digital permite, segundo o diretor geral da APP no Brasil, Geraldo Ferreira. Mesmo sendo um mercado pequeno - menos de 1% do segmento de papel couché, que movimenta cerca de 500 mil toneladas por ano - a APP acredita na segmentação e quer 15% de participação no segmento.
"O Brasil não fabrica este tipo de papel e acreditamos que haja espaço para este tipo de produto", diz. Segundo Ferreira, as gráficas brasileiras trabalham preferencialmente com impressoras planas, apenas 25% usam rotativas. As que utilizam máquinas digitais trabalham com cerca de 300 a 400 toneladas de papel couché sem pasta mecânica (utilizada para dar maior resistência a produtos inferiores que rodam em rotativas) por mês. No entanto, no mercado de publicações segmentadas, há uma tendência para a personalização, que pode ser feita com impressoras digitais de pequenas tiragens. Assim, segundo Ferreira, uma publicação pode, por exemplo, fazer uma publicidade direcionada a alguns assinantes específicos. "Nos mercados maduros o consumo deste tipo de papel já é duas a três vezes maior que no Brasil e vem crescendo", diz.
Para auxiliar na comercialização do produto no País, a APP conseguiu ainda a chancela das principais fornecedoras de tecnologia de impressão digital, como a HP, a Xerox e outras. Mesmo com o decréscimo dos mercados de publicações em outros países, a APP acredita que o Brasil ainda tenha muito potencial. "No Brasil só se consome 50 quilos de papel por ano, enquanto nos Estados Unidos esse volume é de 300 quilos", acrescenta.
Investimento
Na China, a APP retomou a construção de sua nova máquina de papéis revestidos na fábrica de Hainan Jinhai, na ilha de Hainan. O equipamento, que será o maior do mundo voltado à produção de papel couché, teve sua implantação interrompida no final de 2008 por causa dos efeitos da crise econômica mundial, que reduziu as linhas de financiamento no país. De acordo com Geraldo Ferreira, a retomada é um indício claro de que a economia chinesa está reagindo à crise, e de que a indústria de papel asiática já se prepara para suprir as demandas resultantes do fechamento de fábricas de papel em outros países. Atualmente, Hainan é uma unidade voltada à produção de celulose, com de cerca de 1,2 milhão de toneladas por ano de capacidade. Os planos de expansão da APP também englobam a produção de fibra, que, para essa unidade, estão divididos em duas etapas. A primeira vai ampliar a capacidade para 1,32 milhão de toneladas anuais e a segunda para alcançar marco de 2 milhões de toneladas por ano.
No ano passado, a APP dobrou o volume de vendas ao mercado brasileiro em relação ao ano anterior. A empresa, que passou a atuar com uma unidade de negócios no País há quase dois anos, encerrou o último ano com cerca de 70 mil toneladas de papéis comercializados para o Brasil. O faturamento estimado é de US$ 75 milhões. Para Ferreira, o bom resultado deve-se ao crescimento do próprio mercado de papéis e a evolução do consumidor, que percebeu as alternativas.
Veículo: Gazeta Mercantil