Mais segurança no crédito

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Desde que a crise se acirrou os comerciantes vem sentindo alguns solavancos nas vendas, com efeitos mais fortes em alguns setores, a exemplo do setor de moda, como atesta Ana Paula Santos Messias, do departamento financeiro da Dimpus. Um efeito correlato que também impacta as transações é a maior aversão ao risco. Apesar de não haverem dados disponíveis, houve uma forte diminuição no volume de pagamentos em cheques, devido ao risco que os lojistas correm com esse tipo de pagamento. Pensando nisso, o Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDL-Rio) lançou, no dia 28 de abril deste ano, o GestCred, sistema que fornece às empresas associadas concessão de crédito mais seguro, com riscos menores graças a um sistema baseado em informações sobre os consumidores.

 

O sistema, segundo o superintendente do CDL-Rio, Ubaldo Pompeu, utiliza diversos bancos de dados com parâmetros e rotinas previamente definidas. O GestCred foi criado para diminuir o número de fraudes e de inadimplência na rede de comércio carioca. Além de valorizar a carteira de recebíveis dos lojistas, o sistema permite criar perfis dos clientes da empresa e desburocratizar as vendas à crédito.

 

"O que queremos é oferecer uma solução baseada numa completa e abrangente base de comportamento de crédito do mercado nacional, lançando mão de modelos de alta performance", conta Pompeu.

 

O sistema funciona assim: a princípio, o programa é instalado nos computadores das lojas e alimentado com as regras de negócio dos associados, que incluem até uma valoração das variáveis específica para cada empresa. No momento da venda para um cliente de crediário, os dados do consumidor alimentam o sistema. Em seguida, é acionada a plataforma de análise de crédito GestCred e é feita, automaticamente, a avaliação da operação. Se for aprovada, é emitido o relatório de avaliação do desempenho. Em caso de reprovação, é emitido um relatório com a classificação "pendente" e a identificação do motivo, seguido da justificativa para a decisão sobre a não realização da operação.

 

De acordo com Pompeu, os benefícios maiores para o lojista são a desburocratização nas vendas a credito, a redução de custos operacionais, controle maior dos riscos de inadimplência, melhora da imagem junto ao cliente crediarista, possibilidade de conhecer melhor o perfil do cliente, coletando dados que podem levar a futuras ações de marketing.

 

De acordo com o superintendente, com o sistema do CDL, cada associado escolhe as próprias regras de crediário com base no perfil de cliente que considera aceitável. As regras a serem definidas são as seguintes: financiamento, valor de prestação, carência, prazo em meses, percentual mínimo de entrada, quantidade de compras na rede em aberto, comprometimento em função do prazo, confirmação de endereço residencial e avaliação das compras a crédito feitas nos últimos cinco anos.

 

A empresa responsável pela solução é uma gestora de informações de crédito que, através da Rede Nacional de Informações Comerciais (Renic), integra bases de dados de todos os serviços de proteção ao crédito do País. Ubaldo conta que ela tem uma larga experiência em base de dados para dar apoio a decisão de negócios.

 

A definição do negócio passa por etapas como a verificação da capacidade de financiamento, com definição do valor mínimo e máximo de prestação e de prazo, percentual mínimo de entrada, histórico de compras em aberto, confirmação de endereço residencial e avaliação creditícia dos últimos cinco meses.

 

Pompeu conta que o sistema faz uma avaliação da linha de crédito, com uma análise de risco que consegue precisão superior à utilizada pelo SPC, por exemplo. "Isso será bom para as lojas aceitarem mais cheques ou utilizarem carnês sem ter medo. Basta definir para o sistema qual é a melhor decisão a ser tomada para os clientes que tem riscos. O sistema consegue criar um mecanismo de baixo custo", ressalta.

 

Para o consultor Luiz Freitas, do Centro de Estudos e Varejo, esse sistema traz um nível de segurança fundamental para o lojista . "Acredito que cada vez mais o sistema de credito será seletivo, dividindo clientes em A, B e C, de acordo com o histórico", conta.

 

A loja Dimpus se associou a esse sistema há um mês. Segundo a responsável pelo departamento financeiro da empresa, Ana Paula Santos Messias, ainda é cedo para avaliar os resultados, mas ela acredita na confiabilidade do sistema. "Temos hoje a certeza de uma consulta de crédito melhor e mais confiável", conta.

 

A crise econômica interferiu no ritmo de vendas da empresa, segundo Ana. "Encaro esse sistema de crédito como uma boa estratégia dentro dessa situação. Ele nos permite ter mais segurança em relação ao cliente, e saber qual a melhor forma de dar crédito para diferentes tipos e clientes", conta.

 

A loja Congelados da Sonia vai experimentar o sistema. Maria das Graças Dias Canário, dona da loja, se surpreendeu com a apresentação. "Foi proposto a instalação do sistema por um período de três meses para análise, testes e sugestões. Aceitamos na mesma hora", conta. "Esperamos obter com este sistema uma base de dados atualizada com todas as consultas realizadas num determinado período. Também será possível obtermos o histórico financeiro do cliente e acompanharmos os pagamentos que estão em atraso. Isso será importante", diz Graça.

 


Veículo: Jornal do Commercio - RJ


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