Os consumidores não deixam de comprar nos mercados de vizinhança, mesmo os que têm o hábito de compras regulares nos hipermercados.
A despeito do crescimento das redes de supermercados no ano passado, a loja de vizinhança não sai do gosto do consumidor. De acordo com pesquisa realizada pela Latin Panel para a Associação Paulista de Supermercados (Apas), do total de 85% das famílias que realizam compras em hipermercados, 40% também compram em lojas de vizinhança no mesmo mês.
Segundo Martinho Paiva Moreira, vice-presidente de Comunicação da Apas, os consumidores olham o hipermercado como um local para fazer o abastecimento maior. Mas eles não têm o hábito de ir a esse tipo de varejo para as compras do dia a dia. "Nesse caso, preferem os supermercados de vizinhança, pois o próprio tamanho dessas lojas e a disposição dos produtos facilitam a compra de poucos itens, ao contrário do que ocorre nos hipermercados", diz.
Isso não significa, entretanto, que as grandes redes fiquem de fora desse segmento. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, com a estabilidade econômica o consumidor aumentou o número de visitas ao supermercado e, nesse caso, a proximidade é um apelo importante. "Esse é um dos motivos para as grandes redes terem ampliado sua atuação para os multiformatos, adquirindo ou criando lojas de vizinhança", afirma Honda. Foi o que fez o Grupo Pão de Açúcar, com o Extra Perto; Wal-Mart com Todo Dia e o Carrefour com o Carrefour Bairro e o Dia%. Há ainda aqueles que se restringem ao formato único, mas fazendo bem: com atendimento personalizado, qualidade e proximidade, casos de Econ e Futurama, por exemplo. "Normalmente, essas lojas têm localização privilegiada no bairro, o que por si só já é um grande atrativo", acrescenta o presidente da Abras.
O vice-presidente do Todo Dia, bandeira do Wal-Mart que atua como loja de vizinhança, Demétrio Magnani, diz que uma das estratégias da marca é alcançar o consumidor de baixa renda e, nesse caso, a proximidade é um fator muito importante. "Se considerarmos que mais de 70% dos brasileiros fazem parte das classes C, D e E, já dá para perceber a importância desse modelo de negócios." Embora a operação tenha começado no Nordeste – onde possui 37 lojas – Magnani diz que o Todo Dia já se tornou uma bandeira nacional, com unidades no Sudeste (sendo quatro na grande São Paulo), e com inaugurações previstas em breve para o Sul.
Sem antecipar números e expectativas, o executivo afirma que das 90 inaugurações de lojas previstas para este ano, 50% serão das bandeiras Todo Dia e Maxxi Atacado.
Já o Carrefour fez da implantação da loja de vizinhança – o Carrefour Bairro – a sua estratégia de expansão no Brasil. "Sempre trabalhamos com a complementaridade de formatos, que nos permitem atender de forma ampla as necessidades dos nossos clientes, aumentando suas opções de compra, tanto no que diz respeito a preços, como mix de produtos, localização e acesso", explica Laurent Bendavid, diretor da divisão Centro-Sul e Carrefour Bairro.
Ele diz que nas lojas Carrefour Bairro, o lay-out reproduz um ambiente típico de bairro, com açougue, padaria, frutaria e peixaria ocupando o mesmo espaço, a exemplo do que ocorre no supermercado de vizinhança. O mix do Carrefour Bairro é fundamentalmente composto por produtos
das categorias alimentar e de limpeza e alguns itens de bazar.
"No hipermercado, além desses itens, há um grande sortimento de bazar e eletro, além de uma série de outros serviços, como drogaria, serviços digitais e lanchonetes."
Inaugurações – De olho nesse filão, o Grupo Pão de Açúcar inaugurou na semana passada mais uma loja do Extra Perto, desta vez na zona norte de São Paulo, no Mandaqui. De acordo com Sylvia Leão, diretora-executiva da rede, esse formato de loja – a exemplo do Carrefour – também é uma alternativa de expansão da bandeira Extra e uma forma de penetrar nos mercados onde a rede já opera com o hipermercado.
Veículo: Diário do Comércio - SP