Os supermercados vão crescer na crise

Leia em 3min 50s

JOÃO SANZOVO NETO - Presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras)

 

Os supermercados não temem a crise. Temos percebido com satisfação que os supermercadistas continuam a desafiar o atual momento financeiro internacional e, em consequência, registram boas vendas e fazem planos de investimento.

 

Pelo histórico do segmento, sempre na vanguarda dos principais movimentos econômicos do País, não seria de esperar outro comportamento que não fosse o de enfrentar as turbulências corajosamente.

 

Por ter sido um ano de maior poder de consumo, 2008 foi positivo para os supermercadistas. Não por acaso o setor registrou crescimento real de 10,5% - o melhor dos últimos 13 anos. O segmento de supermercados registrou faturamento de R$ 49,3 bilhões no Estado de São Paulo, com participação de 1,7% no Produto Interno Bruto (PIB) e geração de 230 mil empregos diretos e 790 mil de indiretos.

 

No Brasil, o faturamento no ano passado chegou a R$ 158,5 bilhões, a participação no PIB foi de 5,5% e foram gerados 877 mil empregos diretos e cerca de 3 milhões indiretos.

 

A inflação de 2008 foi de 5,9% pelo IPCA-IBGE, de 6,17% pelo IPC-Fipe e de 6,68% pelo Índice de Preços no Supermercado (IPS-Apas), medido pela Fipe na Grande São Paulo. No acumulado desde o lançamento do Plano Real, em julho de 1994, os índices de preços nos supermercados são bem menores em relação a outros indicadores da economia. Nesses 15 anos, o IPA-FVG variou 366%, o IPC-Fipe 183% e o IPS-Apas apenas 91%.

 

Para 2009, a Apas prevê crescimento real de 2,5% nas vendas. O incremento nas vendas no primeiro trimestre foi de 5,6% sobre igual período do ano anterior, quando consideramos o critério mesmas lojas para efeito de comparação.

 

O setor supermercadista é mais sensível à renda do que ao crédito e menos dependente de financiamentos, e, por ser o elo final da cadeia do abastecimento, é sempre o último a sentir os efeitos de mudanças na economia. Os supermercados têm percebido certa cautela do consumidor, mas ainda não sentiram que tenha havido perda de renda.

 

O segmento está conclamando os parceiros e fornecedores para que se adaptem ao bolso do brasileiro e apostem cada vez mais nas promoções, porque o cliente vai multiplicar sua atenção a essas oportunidades nos pontos-de- venda ao longo de 2009.

 

Em vista das adversidades econômicas, o consumidor muda seu comportamento. Por exemplo, deixa de adquirir bens duráveis e passa a comprar mais alimentos. Deixa de comer fora de casa, mas se reúne com mais frequência com os amigos e a família, resultando em aumento do consumo de alimentos e bebidas contraídos nos supermercados. Atentas a esse movimento, as maiores redes reafirmaram seus planos de investimento para este ano. Juntas, vão gerar cerca de 20 mil novos empregos. Trata-se de um indicador de boas perspectivas diante de um cenário macroeconômico de incertezas. O ano de 2009 será basicamente de crescimento orgânico - o mercado assistirá à expansão de terrenos e abertura de lojas.

 

Com a intenção de discutir medidas anticrise e valorizar o capital humano, que se constitui no principal diferencial no atendimento e na prestação de serviços ao consumidor, representantes do segmento estiveram reunidos no 25 Congresso de Gestão e Feira Internacional de Negócios em Supermercados - Apas 2009, o maior evento do setor no mundo, que aconteceu entre os dias 18 e 21 de maio, no Expo Center Norte, em São Paulo.

 

Na contramão da tendência da economia, a Apas estima a geração de negócios da ordem de R$ 4 bilhões, proporcionando aos supermercadistas a possibilidade de continuarem a investir em seus estabelecimentos e, com isso, comprovar que não temem a crise.

 

Não podemos simplesmente ignorar o que está acontecendo no mercado global, mas devemos ter consciência de que nosso segmento tem sob sua responsabilidade o abastecimento da população.

 

Ao longo deste ano, os empresários supermercadistas deverão estar mais atentos às questões fundamentais que garantem o sucesso do negócio, como melhorar a eficiência da gestão, reordenar a estrutura de custos e dedicar atenção especial às necessidades de capital de giro.

 

Afinal, o destino dos supermercados é crescer - em maior ou menor ritmo, com ou sem os reflexos da crise internacional.

 

Veículo: Gazeta Mercantil 


Veja também

Ciclo de preço baixo no café está no fim, diz Illy

A temporada 2009/10 será mais uma de déficit no balanço de oferta e demanda de café no mundo...

Veja mais
Maio mostra-se crítico para o consumidor de hortaliças

A alta mais expressiva ocorreu no preço da batata inglesa, inflacionada em 25% ante maio do ano passado   ...

Veja mais
Brasil apresenta queixa na OMC contra subsídios norte-americanos ao leite

O Brasil apresentará hoje uma queixa na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a reint...

Veja mais
Samsung quer crescer com telas de toque

A Samsung, fabricante coreana de produtos eletrônicos, que implantou uma fábrica no Brasil em 2004, quer ex...

Veja mais
Shoppings gastam mais com ações no Dia dos Namorados

Depois de ultrapassarem as metas de vendas para o Dia das Mães, os shopping centers resolveram aumentar o investi...

Veja mais
Atacadista reclama de alíquotas

Atacadista diz que setor perde negócios com substituição tributária   O comérc...

Veja mais
Mercadinhos se consolidam

Os consumidores não deixam de comprar nos mercados de vizinhança, mesmo os que têm o hábito d...

Veja mais
Selmi lança novas linhas de azeite e de biscoitos

O fabricante de massas alimentícias da marca Renata e Gallo, o Grupo Selmi, para ampliar a sua participaç&...

Veja mais
Centrum deve vender 20% mais

O suplemento vitamínico Centrum, produzido pela Wyeth Consumer Healthcare, acaba de ganhar uma fórmula exc...

Veja mais