Ao anunciar a aquisição dos 40% restantes da rede de atacarejo Assai que ainda estavam em poder dos antigos sócios e mesmo após a recente aquisição da rede de eletroeletrônicos Ponto Frio, que recolocou o Pão de Açúcar ao primeiro lugar no ranking do varejo brasileiro, o Grupo Pão de Açucar mantém o interesse em aquisições. O vice-presidente executivo, Enéas Pestana, informou que atualmente analisa seriamente de sete a oito propostas. Ele evitou comentar, no entanto, se entre elas estaria outra rede de atacarejo, dizendo apenas que "oportunidades existem em todos os formatos e segmentos". Pestana informou que a empresa criou um grupo de fusões e aquisições no final do ano passado por entender que a crise global traria grandes oportunidades nesse sentido e que o Grupo pretende continuar ativo na busca de oportunidades. "Existem outros bons negócios, mas não posso revelar quais são", afirmou.
O Pão de Açúcar pretende abrir 30 novas lojas do Assai no formato de atacarejo (atacado + varejo) em um ano e meio, sem considerar conversões de outras bandeiras. Serão abertas 13 lojas este ano, totalizando 45, e o restante no ano que vem. A companhia não revelou o investimento nesse plano de expansão, mas informou que o aporte faz parte do Capex (plano de investimentos de longo prazo) de R$ 755 milhões previstos para este ano, o qual ainda pode chegar a R$ 1,3 bilhão. Não fazem parte desse montante, no entanto, as duas parcelas de R$ 25 milhões que serão pagas pela consolidação da participação no Assai, sendo a primeira parcela neste mês e a segunda em dezembro. Segundo o presidente do Grupo Pão de Açúcar, Claudio Galeazzi, esses recursos sairão do caixa da companhia, hoje em torno de R$ 1,5 bilhão. Os outros R$ 125 milhões que completam a aquisição da rede Assai serão pagos em janeiro de 2011, com recursos gerados na própria operação.
O Pão de Açúcar prevê pagar também R$ 25 milhões adicionais em janeiro de 2011, caso os antigos sócios Rodolfo Junji Nagai e Luiz Fumikazu Kogachi permaneçam como consultores do Assai no período e seja concluído o plano de expansão das lojas. A previsão de Galeazzi é a de que a rede Assai responda por cerca de 10% da receita do Grupo neste ano. "Mas isso pode ser alterado para baixo de forma significativa pela compra do Ponto Frio, cujo orçamento estamos finalizando". Em 2008, o Assai representou 7% das vendas líquidas e neste primeiro trimestre, 8,3%.
O executivo não revelou as regiões em que as lojas serão abertas, nem quantas bandeiras serão convertidas em Assai. O Pão de Açúcar comprou a rede Assai em novembro de 2007 com 14 lojas. Desde então, abriu nove lojas e converteu outras nove bandeiras em Assai. Embora não tenha informado o investimento total no plano de expansão, o executivo afirmou que o custo por unidade de novas lojas é de R$ 8 milhões a R$ 10 milhões e em conversões é de R$ 5 milhões a R$ 6 milhões.
Segundo o vice-presidente executivo do Grupo Pão de Açúcar, José Roberto Tambasco, as lojas convertidas triplicaram as vendas e o Assai aberto ao lado do Extra, em São Paulo, também teve boa performance. "Esse modelo (atacarejo) complementa a operação do Grupo, especialmente por ser uma bandeira Extra que também oferece não-alimentos", explicou. De acordo com ele, a sinergia alcançada com a totalidade do Assai no Grupo pode contribuir para a melhoria da margem desse negócio, que é de 4%.
O Grupo, no entanto, pode se utilizar da sinergia para ser mais competitivo, segundo o vice-presidente executivo, Enéas Pestana. "O negócio de atacarejo é de agressividade em preço. Imagina-se que algum ganho de sinergia intensificará a nossa competitividade, pois estamos entrando em novas praças e de muita agressividade, como o Rio de Janeiro", disse. Os executivos não revelaram o valor esperado das sinergias, que vão desde logística até o desenvolvimento de marcas próprias.
A aquisição dos 40% restantes do Assai poderia ser feita entre 1º de janeiro e 15 de janeiro de 2012, 2013 e 2014, mas o Pão de Açúcar disse ter antecipado a opção de compra para acelerar o crescimento da bandeira. "Houve grande entrosamento entre os quatro executivos do Pão de Açúcar enviados ao Assai e o Rodolfo e, por isso, antecipamos o call. Vamos acelerar a expansão orgânica do Assai com o apoio do Rodolfo na escolha dos pontos ideais para novas lojas", disse Tambasco.
Com a antecipação do exercício de opção de compra, o valor da aquisição representou 22% das vendas brutas, quando o contrato inicial previa 30%. Segundo Pestana, como a expansão está por ocorrer e as lojas recém inauguradas ainda não apresentam maturidade, a aquisição teria se dado por 19% das vendas brutas e entre cinco e seis vezes o Ebitda (geração de caixa). "Não significa que pagamos valor muito abaixo ou muito acima. Pagamos o valor justo", considerou o vice-presidente executivo.
Para o presidente do Conselho de Administração do Grupo Pão de Açúcar, Abílio Diniz, a compra da totalidade do Assai foi um entendimento "muito bom" para as partes. "Vamos poder fazer as coisas com muito mais rapidez e eficiência e ser mais agressivos na expansão", disse. Já Rodolfo Junji Nagai afirmou que dará todo o apoio por um bom período para que "o sucesso seja maior e mais rápido". O Pão de Açúcar prevê gerar de 200 a 300 empregos diretos e 500 indiretos com cada nova loja.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ