A maioria dos profissionais de recursos humanos já entendeu que, especialmente na crise, uma comunicação interna clara e objetiva é uma das ferramentas mais eficazes para evitar boatos, criar um bom ambiente de trabalho e engajar os colaboradores. Isso é o que mostra um estudo realizado pela consultoria Deloitte sobre as práticas e as tendências do RH para 2009 com 63 grandes empresas nacionais e multinacionais que operam no Brasil.
Atribuindo níveis de importância distintos para diversas práticas, os participantes disseram que aprimorar os sistemas de comunicação interna da organização é atualmente a segunda principal prioridade, com 60% de adesão. Para efeito de comparação, este item ficou em quinto lugar na pesquisa anterior, em novembro, com apenas 25%. "Em uma situação de turbulência, é imprescindível que as organizações tenham sistemas de comunicação eficientes e pró-ativos. Só assim é possível atualizar. Motivar e administras as expectativas da força de trabalho", afirma Fábio Mandarano, gerente sênior da Deloitte.
O maior esforço dos profissionais de recursos humanos, no entanto, é ajudar a empresa nos processos de mudança organizacional. O item passou de 53% para 67% no intervalo de um semestre. "Na crise, o RH voltou a ser requisitado e a contribuir de forma mais estratégica. Cortar custos não significa simplesmente demitir, mas rever estruturas e processos", ressalta Mandarano. Com a área fortalecida, 46% das empresas afirmaram que vão manter o orçamento e 20% vão aumentá-lo.
A maior parte dos investimentos, porém, será destinada ao treinamento e desenvolvimento dos colaboradores e executivos. Embora a crise tenha colocado a retenção de talentos em evidência nas empresas, 91% das companhias admitiram não ter um programa formal para tratar do tema. As poucas que possuem oferecem plano de carreira, incentivos de longo prazo, oportunidades de desenvolvimento e benefícios diferenciados para suas peças-chave.
Outra tendência constatada no estudo foi a terceirização de benefícios como alimentação, transporte, segurança no trabalho, recrutamento e folha de pagamento. "Todos esses processos são dispendiosos e necessários, mas os gestores estão questionando cada vez mais o que vale a pena manter internamente e o que é melhor terceirizar. É preciso fazer um balanço entre a qualidade e os custos de cada uma dessas modalidade para escolher o modelo mais adequado", diz Mandarano.
Veículo: Valor Econômico