Mesmo com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para as linhas de fogões, geladeiras e lavadoras de roupa, a produção de produtos de linha branca deve cair 2% neste ano em relação a 2008, segundo estimativa da RC Consultores com base em dados divulgados pelo IBGE.
Para a linha de eletroportáteis, como ferros de passar roupas e cafeteiras elétricas, a queda estimada na produção também é de 2%. E, no caso de produtos da linha marrom, na qual estão os televisores, os DVDs e os aparelhos de som, de 27%.
No geral, a queda na produção de eletrodomésticos e eletroeletrônicos deve cair 14% neste ano em relação a 2008, na estimativa da RC Consultores. De janeiro a maio, a produção desses produtos caiu 15,2% sobre igual período do ano passado, segundo o IBGE.
A entrada de produtos da Ásia, a taxa de cambio mais valorizada, o que torna os produtos importados mais baratos, e a redução da oferta de crédito para as indústrias são os principais motivos de uma diminuição no ritmo de atividade do setor eletroeletrônico, segundo avaliação de Fabio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores.
Se as estimativas se confirmarem, este será o segundo ano consecutivo de queda na produção de produtos eletroportáteis e de áudio e vídeo.
Em 2008, a produção de produtos da linha marrom caiu 8,7%, e a de eletroportáteis, 1,9%.
"A indústria eletroeletrônica não está conseguindo resistir à concorrência com os importados. Provavelmente, a rentabilidade desse setor está muito baixa neste momento. Com a queda no consumo no mercado internacional, fabricantes chineses aumentaram as vendas para o mercado latino-americano, como o Brasil", diz.
A Eletros, associação que reúne os fabricantes de produtos eletroeletrônicos, diz que a importação está crescendo porque os próprios fabricantes brasileiros estão trazendo produtos de fora com suas marcas para vender no país.
Lourival Kiçula, presidente da Eletros, diz que a partir de abril as vendas voltaram a crescer em relação ao ano passado como efeito da queda de IPI para alguns produtos. "A produção de algumas linhas está em queda, mas as de TVs de LCD e plasma, por exemplo, já estão em alta", diz Kiçula.
A Fecomercio SP ainda não viu reação nas vendas de produtos eletroeletrônicos. De janeiro a maio deste ano, o faturamento real do comércio desse setor caiu 13,2% sobre igual período do ano passado.
"O consumidor ficou preocupado com a alta do endividamento e diminuiu as compras de produtos de maior valor. As vendas nos supermercados já cresceram 4,4% de janeiro a maio, o que mostra um deslocamento de consumo", afirma Altamiro Carvalho, economista da Fecomercio SP.
Veículo: Folha de S.Paulo