Animal de estimação: Fabricante francesa faturou R$ 120 milhões em 2008 e prevê expansão de 10% neste ano
A recessão na Europa e nos Estados Unidos tem efeitos peculiares sobre os hábitos dos consumidores - e consequentemente no balanço das empresas. Os donos de cães e gatos, por exemplo, estão levando seus bichinhos menos vezes aos veterinários e isso afeta diretamente as contas da Royal Canin, fabricante francesa de rações premium e de tratamento para cães e gatos. Mesmo assim, a companhia prevê fechar 2009 com vendas 10% maiores que as do ano passado, graças ao desempenho de mercados emergentes, dentre os quais o Brasil é destaque.
"O Brasil é o segundo maior mercado para a companhia em volume e sétimo em faturamento", diz Jean-Christophe Flatin, presidente mundial da empresa. O mercado brasileiro de rações superpremium e para tratamento (de câncer, por exemplo), onde a empresa atua, equivale a menos de 1% das vendas totais. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Animais de Estimação (Anfalpet), o comércio de ração para cães e gatos movimenta anualmente R$ 5,8 bilhões. Desse total, 60% corresponde às rações do tipo econômicas, 35% são as "standard" e as premium, superpremium e de tratamento dividem os 5% restantes.
A Royal Canin, que pertence à americana Mars desde 2002, concorre com Eukanuba, da Procter & Gamble e a Hills, da Colgate-Palmolive. "Considerando essa configuração de mercado e ainda que 60% das pessoas alimentam seus animais com restos de comida, o potencial de crescimento no Brasil é enorme", afirma o CEO.
Esse potencial já tem se transformado em crescimento para a empresa, que em 2008 faturou R$ 120 milhões - 10% a mais que em 2007. Mundialmente, a Royal Canin faturou €1,3 bilhão ou R$ 3,5 bilhões. A expectativa na divisão brasileira é chegar a dezembro com vendas 10% maiores.
Mas como conseguir esse resultado sem anunciar em TV, vendendo apenas em "petshops" e clínicas veterinárias e com o quilo da ração superpremium custando R$ 26, ou cerca de quatro vezes mais que as marcas-padrão? A estratégia é estreitar o relacionamento com veterinários, por meio de visitas comerciais às clínicas e lojas, de acordo com Bernard Pouloux, diretor-geral da companhia no Brasil.
"Nosso produto é indicado pelos profissionais de veterinária. Por isso não pode ser vendido em supermercados, uma vez que é preciso a orientação de um profissional para a a correta administração", afirma ele. "Além disso, procuramos mostrar ao consumidor que, um gato, por exemplo, que come 200 gramas de ração comum ao dia, com Royal Canin fica satisfeito com apenas 50 ou 60 gramas, uma vez que o alimento é mais rico", completa Pouloux.
Veículo: Valor Econômico