Unilever reverte declínio nas vendas, mas margens sofrem

Leia em 3min 30s

O novo presidente executivo da Unilever, Paul Polman, cumpriu a promessa de rapidamente aumentar as vendas em volume da empresa, cujo balanço de segundo trimestre superou a previsão dos analistas para o crescimento das vendas.

 

Mas para manter o pique da gigante anglo-holandesa - dona de marcas como Hellmann's, Omo, Kibon e Knorr - Polman enfrenta uma tarefa difícil: manter as margens de lucro enquanto busca agressivamente aumentar volume e receita.

 

Polman, de 53 anos, que foi tirado da concorrente Nestlé SA, assumiu o cargo em janeiro e rapidamente decidiu reverter a estratégia de preços de seu antecessor, Patrick Cescau. Cescau elevou os preços no ano passado, quando a recessão se instalou, o que fez com que alguns consumidores parassem de comprar os produtos da empresa, reduzindo o volume de vendas no primeiro trimestre.

 

Polman prometeu aumentar o volume com preços mais baixos e fortes gastos com marketing. O impacto foi imediato: no segundo trimestre, as vendas aumentaram 2% em volume em relação ao ano anterior, mas a estratégia reduziu a margem de lucro.

 

Quando a Unilever cortou preços na Europa, as vendas subiram 1% em volume - a primeira alta em um ano. Mas a receita caiu 1,1%, descontados efeitos cambiais, aquisições e vendas. A Europa Ocidental gera cerca de um terço da receita da Unilever.

 

O lucro líquido caiu para 758 milhões de euros (US$ 1,09 bilhão), ante 909 milhões de euros um ano atrás, por causa da combinação de margens menores e custos financeiros, tributários e previdenciários maiores.

 

Em todas as regiões, a margem de lucro caiu para 12,6% no segundo trimestre, contra 13,2% um ano atrás, porque Polman aumentou o orçamento de publicidade e deu descontos em um maior número de produtos.

 

As vendas do segundo trimestre aumentaram 4,1%, descontados o efeito de variações cambiais, alienações e aquisições, um resultado forte diante da recessão mundial. Na rival Procter & Gamble Co., em comparação, as vendas caíram 1% pelo mesmo critério no período.

 

Polman disse que buscará manter as margens de lucro com a redução de custos, uma tática que ficou mais fácil com a queda das commodities, como o óleo de palma, componente fundamental da linha de margarinas da empresa, que inclui Doriana e Becel. "Estamos em busca de oportunidades para reduzir os custos do sistema e reinvestir as economias no crescimento", disse Polman numa entrevista coletiva ontem em Londres.

 

O aumento do volume fez a ação da Unilever subir 5,4%, ou 84 centavos, para 16,29 libras na Bolsa de Londres, porque os analistas concluíram que a estratégia de Polman resultaria na tomada de fatias de mercado de concorrentes, inclusive duas ex-empregadoras dele, a Nestlé e a Procter & Gamble.

 

Desde que assumiu o cargo, em janeiro, Polman vem tentando acelerar o processo de tomada de decisões na empresa, conhecida por sua extensa burocracia e cultura de cautela. A empresa lançou os "Planos de Ação de Trinta Dias", por exemplo.

 

Eles foram concebidos para que os executivos ajam com rapidez para resolver problemas com produtos individuais, segundo um porta-voz.

 

Durante o segundo semestre, as vendas do detergente para lavar roupas da Unilever na África do Sul esteve sob a pressão de uma marca local mais barata, segundo o porta-voz. Os executivos da Unilever definiram um plano de ação para enfrentar a ameaça e a empresa rapidamente lançou uma versão barata do detergente Surf, com um menor número de propriedades, que se tornou popular, disse Polman.

 

A P&G adotou medida similar com o lançamento nos Estados Unidos do Tide Basic, uma versão mais barata de seu detergente para lavar roupas.
Antes, a Unilever costumava negligenciar produtos com desempenho de vendas baixo para se concentar nas marcas mais populares. Isso não acontece mais, segundo o diretor financeiro Jim Lawrence. "Se um produto não tinha mais chance de crescimento, havia o perigo de que se permitisse seu declínio", disse ele ontem. "Agora, não se deixa que nada decline."
 


Veículo: Valor Econômico


Veja também

Supermercados esperam crescer 4,5% em 2009

Estimulada pelo aquecimento das vendas do varejo brasileiro após a crise, a Apas (Associação Paulis...

Veja mais
Satisfeito com os negócios, Abílio Diniz lança site

Abílio Diniz, 72 anos e prestes a ser tonar pai pela sexta vez - em novembro nasce Miguel -, preside o conselho d...

Veja mais
Plano para Ponto Frio deve sair em 60 dias

O Pão de Açúcar deve apresentar em 60 dias o plano de negócios para o Ponto Frio, informou o...

Veja mais
Metalfrio eleva resultado apesar de receita menor

Em plena crise econômica, a fabricante de freezers comerciais Metalfrio Solutions obteve a maior rentabilidade tri...

Veja mais
Falta de chuva na Índia faz preço do açúcar disparar

Os preços futuros do açúcar continuam firmes no mercado internacional, impulsionados pela falta de ...

Veja mais
Indústria quer garantir seu algodão

Pluma: Com menor oferta, têxteis fazem contratos de longo prazo   As indústrias têxteis instal...

Veja mais
É mais fácil admirar que copiar os nórdicos

Escandinávia: Modelo de negócios privilegia participação dos empregados e menor desigualdade...

Veja mais
Indústria e exportador temem paralisação na venda de café

O governo federal sinaliza um pacote para a cafeicultura a fim de minimizar o endividamento e melhorar a renda dos produ...

Veja mais
Pão de Açúcar mostra plano para Ponto Frio em 60 dias

O Grupo Pão de Açúcar deve apresentar em 60 dias o plano do Ponto Frio. O presidente do conselho de...

Veja mais