O novo presidente executivo da Unilever, Paul Polman, cumpriu a promessa de rapidamente aumentar as vendas em volume da empresa, cujo balanço de segundo trimestre superou a previsão dos analistas para o crescimento das vendas.
Mas para manter o pique da gigante anglo-holandesa - dona de marcas como Hellmann's, Omo, Kibon e Knorr - Polman enfrenta uma tarefa difícil: manter as margens de lucro enquanto busca agressivamente aumentar volume e receita.
Polman, de 53 anos, que foi tirado da concorrente Nestlé SA, assumiu o cargo em janeiro e rapidamente decidiu reverter a estratégia de preços de seu antecessor, Patrick Cescau. Cescau elevou os preços no ano passado, quando a recessão se instalou, o que fez com que alguns consumidores parassem de comprar os produtos da empresa, reduzindo o volume de vendas no primeiro trimestre.
Polman prometeu aumentar o volume com preços mais baixos e fortes gastos com marketing. O impacto foi imediato: no segundo trimestre, as vendas aumentaram 2% em volume em relação ao ano anterior, mas a estratégia reduziu a margem de lucro.
Quando a Unilever cortou preços na Europa, as vendas subiram 1% em volume - a primeira alta em um ano. Mas a receita caiu 1,1%, descontados efeitos cambiais, aquisições e vendas. A Europa Ocidental gera cerca de um terço da receita da Unilever.
O lucro líquido caiu para 758 milhões de euros (US$ 1,09 bilhão), ante 909 milhões de euros um ano atrás, por causa da combinação de margens menores e custos financeiros, tributários e previdenciários maiores.
Em todas as regiões, a margem de lucro caiu para 12,6% no segundo trimestre, contra 13,2% um ano atrás, porque Polman aumentou o orçamento de publicidade e deu descontos em um maior número de produtos.
As vendas do segundo trimestre aumentaram 4,1%, descontados o efeito de variações cambiais, alienações e aquisições, um resultado forte diante da recessão mundial. Na rival Procter & Gamble Co., em comparação, as vendas caíram 1% pelo mesmo critério no período.
Polman disse que buscará manter as margens de lucro com a redução de custos, uma tática que ficou mais fácil com a queda das commodities, como o óleo de palma, componente fundamental da linha de margarinas da empresa, que inclui Doriana e Becel. "Estamos em busca de oportunidades para reduzir os custos do sistema e reinvestir as economias no crescimento", disse Polman numa entrevista coletiva ontem em Londres.
O aumento do volume fez a ação da Unilever subir 5,4%, ou 84 centavos, para 16,29 libras na Bolsa de Londres, porque os analistas concluíram que a estratégia de Polman resultaria na tomada de fatias de mercado de concorrentes, inclusive duas ex-empregadoras dele, a Nestlé e a Procter & Gamble.
Desde que assumiu o cargo, em janeiro, Polman vem tentando acelerar o processo de tomada de decisões na empresa, conhecida por sua extensa burocracia e cultura de cautela. A empresa lançou os "Planos de Ação de Trinta Dias", por exemplo.
Eles foram concebidos para que os executivos ajam com rapidez para resolver problemas com produtos individuais, segundo um porta-voz.
Durante o segundo semestre, as vendas do detergente para lavar roupas da Unilever na África do Sul esteve sob a pressão de uma marca local mais barata, segundo o porta-voz. Os executivos da Unilever definiram um plano de ação para enfrentar a ameaça e a empresa rapidamente lançou uma versão barata do detergente Surf, com um menor número de propriedades, que se tornou popular, disse Polman.
A P&G adotou medida similar com o lançamento nos Estados Unidos do Tide Basic, uma versão mais barata de seu detergente para lavar roupas.
Antes, a Unilever costumava negligenciar produtos com desempenho de vendas baixo para se concentar nas marcas mais populares. Isso não acontece mais, segundo o diretor financeiro Jim Lawrence. "Se um produto não tinha mais chance de crescimento, havia o perigo de que se permitisse seu declínio", disse ele ontem. "Agora, não se deixa que nada decline."
Veículo: Valor Econômico