Os novos aliados da higiene

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O álcool gel higienizador de mãos entrou na preferência do consumo nacional, há exatamente 15 dias, quando as campanhas do Ministério da Saúde e notícias sobre a propagação do vírus da gripe tipo A, ou Influenza A, se intensificaram. A corrida atrás do produto surpreendeu o mercado. Há muitos exemplos de micro e pequenas indústrias em que as vendas foram multiplicadas neste curto período. Junto ao álcool gel higienizador de mãos, também cresceu o consumo de sabonetes líquidos, indicados especialmente para ambientes públicos, no lugar da versão do produto em barra.

 

"Os dois produtos são importantes aliados não só contra a chamada "gripe suína", mas também na prevenção de outras doenças contagiosas, somando-se às bactérias com as quais todos lidam no dia-a-dia. Nossa esperança é de que o uso se transforme num hábito que veio para ficar no Brasil", diz Marcos Antônio Ferreira Soares, diretor da Fortsan Indústria Química e Farmacêutica e vice-presidente do Sindicato da Indústria Química e Farmacêutica do Estado do Ceará (Sindiquimica/CE).

 

Há estudos que comprovam queda do nível de infecção hospitalar em clínicas e hospitais, após a adoção do álcool gel higienizador de mãos e sabonetes líquidos. "Em alguns casos, esse nível baixou praticamente a zero, aqui no Nordeste", informa Marcos. "O álcool gel é uma maneira barata, prática e eficiente de combater bactérias. Mexeu em dinheiro, abriu ou fechou portas fora do ambiente familiar, cumprimentou pessoas, é bom lavar ou higienizar as mãos", sugere Marcos.

 

A Fortsan está no mercado há dez anos e é especializada em produtos para o segmento hospitalar. Há menos de um mês, Marcos conta que a procura pelo álcool gel higienizador de mãos começou a dar sinais de que ia crescer. Os produtos SV Gel e o Suave Gel da Fortsan ocupavam o décimo lugar no ranking de produção e vendas da empresa. Hoje é o primeiro lugar disparado, segundo o diretor. "No geral, produzíamos 20 toneladas por mês. Hoje estamos produzindo 80 toneladas e não dá para atender o mercado", revela.

 

Segundo Marcos, não está fácil adquirir embalagens e carbopol (matéria-prima do álcool gel). "É complicado para os fornecedores de insumos dobrar ou triplicar a produção em duas semanas", justifica. Para a Fortsan, só estão faltando embalagens.

 

A rotina da empresa curitibana Real Gems, responsável pelas linhas de cosméticos e higiene pessoal das marcas Princess, Terra Brazilis e Florence, mudou totalmente com a forte demanda do mercado pelos novos produtos, alterando o planejamento de produção da fábrica. O álcool gel é produto novo na empresa. "Fabricamos e vendemos 60 mil unidades apenas nos últimos 15 dias", conta Jorge Carvalho de Oliveira Jr., diretor da Real Gems.

 

Ele explica que a explosão no consumo do álcool gel para mãos no País pegou de surpresa os fornecedores de frascos, que não conseguiram atender à alta da demanda das pequenas fábricas. "Infelizmente no Brasil tudo fica para a última hora. Zerou todo o estoque deles", diz o empresário. Ele acredita que, a partir desta semana, os estoques dos fornecedores estarão regularizados.

 

A Real Gems passou a produzir álcool gel higienizador em razão da necessidade e pedidos da clientela. "Era um projeto nosso iniciar essa produção no fim de agosto. Portanto, o mercado nos fez adiantar os planos em 15 dias", esclarece. Partindo do zero, o produto se tornou o segundo mais vendido da empresa. Em terceiro lugar estão os sabonetes líquidos.

 

A empresa Agreste Cosmética, também de Curitiba (PR), foi uma das primeiras a lançar um gel anti-séptico no mercado nacional, informa Antônio Carlos Perioto, um de seus diretores. "Foi no ano de 2000, quando retornamos de viagem aos Estados Unidos. Lá, todos usam gel anti-séptico em casa, na escola, no trabalho, dentro do carro, carregam nas bolsas", diz ele.

 

O produto recebeu o nome de Mikrobast, palavra criada para significar 'basta de micróbios'. Esse gel anti-séptico possui digluconato de glorexedine em sua fórmula, um germicida de amplo espectro que atua sobre bactérias, fungos, vírus, entre outros. "Essa substância é o nosso diferencial e é parte da nova geração de germicidas", explica Perioto.

 

As vendas do Mikrobast aumentaram em 3 mil por cento nas últimas três semanas. Foi preciso contratar mais sete funcionários temporários para intensificar a produção. Ao todo, a empresa conta com equipe formada por 15 empregados. A falta de embalagens comprometeu o ritmo de produção até a semana passada. "Estávamos com as entregas atrasadas, mas a partir desta semana estamos entrando no equilíbrio", conta Perioto.

 

O empresário alerta os consumidores para ter cuidado, pois há alguns produtos chegando ao mercado como 'álcool gel", mas que são irregulares em termos legais e sanitários. "Alguns se chamam de gel saneante, gel sanitizante, entre outros termos", diz o empresário. Álcool gel inferior a 70% não adianta nada contra bactérias e vírus, alerta.

 

A Botanik Cosmetics, empresa sediada em Campo Bom, a 50 quilômetros de Porto Alegre, também está vivendo o boom do álcool gel higienizador para mãos. "Já produzíamos álcool gel à base de carbopol e triclosan como produto hospitalar, que vendíamos para restaurantes, hospitais e clínicas", afirma Cristina Foerster, uma das diretoras da fábrica. O produto, que chega ao mercado em embalagens de cinco litros, não era relevante no ranking da empresa.

 

"Nas últimas duas semanas, comercializamos dez toneladas. Agora vendemos para prefeituras, escolas, associações e empresas de transporte", informa Cristina. Foi uma sorte da empresa estar preparada para a produção de última hora. Um álcool bactericida mais potente ia entrar em linha e, por este motivo, a pequena fábrica dispunha de insumos, como embalagens e matérias-primas para suportar a demanda repentina. "Tínhamos comprado o dobro de carbopol para este mês", revela a empresária.

 

Veículo: Jornal do Commercio - RJ


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