Os consoles de videogame da Sony sofreram uma melancólica perda de popularidade. Na rodada anterior da guerra dos aparelhos de jogos eletrônicos, o PlayStation2, da Sony, irrompeu no mercado e vendeu, até hoje, 138 milhões de unidades, frente aos 24 milhões do Xbox, da Microsoft, e aos 22 milhões do GameCube, da Nintendo.
O PlayStation3 (PS3), com funções avançadas e alto preço, no entanto, encontrou dificuldades diante do concorrentes. Vendeu 24 milhões de unidades, abaixo dos cerca de 30 milhões do Xbox 360 e dos mais de 50 milhões do Wii.
Analistas expressaram ceticismo de que a nova versão "Slim" do PS3, anunciada na terça-feira, possa recolocar a Sony no topo. O "Slim" (fino ou magro, em inglês) tem cor de carvão, é cerca de 30% menor e, o mais importante, sairá com preço 25% menor que a versão original do PS3 - já apelidada de "PS3 Gordo" nos sites de bate-papo dos adeptos de jogos eletrônicos. No fim das contas, acredita-se que a decisão tenha sido tomada em nome das grandes redes varejistas de produtos eletrônicos dos Estados Unidos, que se preparam para a temporada de vendas de fim de ano.
Andrew House, chefe da Sony Computer Entertainment Europe, negou que o corte de preço do PS3 seja uma reação às baixas vendas. "Estamos cientes de que os consumidores estão vigiando seus euros e libras com mais cuidado que antes e que isso pode tornar a redução de preço potencialmente ainda mais impactante. Mas não seria justo dizer que essa é uma reação às atuais condições do mercado", afirmou.
O corte de preço e o novo formato receberam, de modo geral, uma resposta calorosa dos fãs de videogames do blog Kotaku. "Analisando o que se consegue agora com o PS3, é o melhor negócio entre todos os sistemas", afirmou um blogueiro, referindo-se ao reprodutor Blu-ray e à conexão WiFi do aparelho da Sony.
Acredita-se que a empresa tenha demorado tanto para reduzir o preço do PS3 devido ao altíssimo custo de produção do aparelho, que inclui um processador de alta potência, o "Cell", e um reprodutor de discos Blu-ray. A Sony perde dinheiro com os aparelhos no início de cada ciclo de novos consoles, mas recupera-se posteriormente com a queda dos custos de produção e sua capacidade para vender software com altas margens de lucro para os clientes. Esse equilíbrio ficaria mais complicado caso a empresa tivesse reduzido antes o preço do PS3.
O momento do anúncio da diminuição de preço, contudo, chega pouco depois de a Sony ter informado que sua divisão de jogos eletrônicos havia obtido rentabilidade em termos de margem de lucro bruto.
Analistas dizem ainda não ter certeza até que ponto o "Slim" poderá impulsionar a Sony. "Não creio que seja uma jogada matadora da Sony, porque todos os outros reagirão com cortes de preço da mesma forma. Mas ajudará", afirmou o analista Freddie George, do banco de investimento Seymour Pierce.
A Sony também revelou uma série de funções on-line, incluindo o lançamento de seu serviço de download de vídeo na internet; a conexão com plataformas de televisão digital, como o BBC iPlayer; e a divulgação de conteúdo no Home, seu mundo virtual de jogos eletrônicos.
Esses lançamentos foram elaborados para deixar a plataforma do PS3 mais atraente para os usuários. A companhia concorre com a Microsoft, que anunciou planos de conexão ao site de relacionamento social Facebook, a partir de seu serviço on-line do Xbox.
"Esses anúncios indicam que há uma grande corrida armamentista entre a Sony e a Microsoft para desenvolver esses serviços da forma mais rápida e proveitosa possível", disse o analista Ed Barton, da empresa de análise de mídia Screen Digest.
"Companhias imensas estão usando as mídias digitais para aumentar o valor de suas plataformas de equipamentos. Essas coisas, como as listas de amigos de jogadores de videogame, são mais significativas do que as pessoas acreditavam até agora", disse Barton. "Esse é o tipo de gancho que vai assegurar que as pessoas comprem um console da Microsoft durante a próxima transição."
House, da Sony, afirmou que empresa tem planos de lançar mais funções ligadas a redes sociais e não descarta uma aliança com sites populares como o Facebook. Para ele, as redes on-line tornaram-se cruciais para o setor.
"A meta é passar do tradicional ciclo de vida curta, um característica dos brinquedos, para um ciclo de vida mais longo, semelhante ao dos bens eletrônicos de consumo. A rede nos permite dar aos consumidores uma percepção mais clara de valor e oferecer melhorias contínuas", disse o executivo.
Fazer o possível para estender a duração do atual ciclo de consoles está dentro dos melhores interesses da Sony. Muitos analistas acreditam que, no longo prazo, os consumidores serão atraídos pelo poder de processamento superior e pelas funções do PS3.
Veículo: Valor Econômico