Na véspera da abrir 12 lojas do Baú Crediário no Paraná, o diretor de varejo e vendas do Grupo Silvio Santos, Décio Pedro Thomé, passou boa parte do dia reafirmando os planos mesmo após a suspensão, pelo Tribunal de Justiça, da assembleia que resultou na aprovação do plano de recuperação da paranaense Dudony, em junho. Na ocasião, o Grupo Silvio Santos ofereceu R$ 25,6 milhões, ou 25% da dívida da varejista, e ficou com 110 lojas. Mas o desembargador Lauri Caetano da Silva acatou pedido do Estado do Paraná, que se diz credor de R$ 255 milhões em impostos, e concedeu a liminar.
Ontem, enquanto o advogado da Dudony, Cleverson Colombo, tentava reverter a decisão em Curitiba, Thomé cuidava das inaugurações. "Temos a intenção de ser a maior empresa do Paraná. Não creio que alguém tenha interesse de que isso não vá pra frente", disse o executivo. Segundo ele, as lojas do interior de São Paulo (são 11) já foram abertas com a nova bandeira e, até 10 de setembro, ela estará em 100 pontos no Paraná. "Temos de começar a trabalhar e oferecer as provas necessárias para superar esses obstáculos", disse Thomé.
Em seu despacho, o desembargador fez críticas à recuperação judicial da Dudony. "Verifico que não apresenta um mínimo de consistência por falta de adequado diagnóstico da natureza da crise", disse. Segundo ele, o processo "não ultrapassa os limites de uma engenhosa transação visando proporcionar danos aos credores". O Ministério Público Estadual já havia se manifestado contra o plano, que foi aprovado sem Certidão Negativa de Débitos (CND). Desta vez, o pedido de suspensão foi feito por procuradores do Estado, que também alegam ser necessária a CND.
Colombo questiona a decisão e os valores apresentados. Segundo ele, os débitos com impostos somam R$ 155 milhões. Destes, acrescenta, R$ 109 milhões contam com parcelamento feito em 2007 e, para o restante, a empresa tem R$ 65 milhões em precatórios como garantia. O advogado afirma que o Paraná não é credor de R$ 106 milhões citados na ação porque esses valores já teriam sido considerados indevidos - alguns contam com ações já julgadas ou em andamento.
O Estado entrou com ação no dia 10 de agosto e a decisão do desembargador é do dia 13. A Dudony fez pedido de reconsideração no dia seguinte e, se não tiver sucesso, planeja entrar com recurso hoje. "Desde junho lutamos com procedimentos burocráticos e cada dia que passa é nocivo à atividade das empresas em processo de recuperação", diz Colombo, referindo-se à Dismar e a Markoeletro, que continuam com os donos da Dudony e que receberam R$ 8 milhões mais carta de fiança do Baú para manterem a operação.
Décio Thomé diz estar confiante na superação do problema e acrescenta que a expansão do Baú está desvinculada da Dudony. "O que estamos fazendo é tomando posse de ativos. Estamos com autorização para assumir esses pontos." O executivo argumenta que conta com R$ 30 milhões em estoque para as inaugurações e vai manter 1,5 mil empregos no Estado. Antes da transação fechada em junho, o braço de varejo do grupo Silvio Santos tinha uma loja no Paraná, em Curitiba. Agora, além dos pontos adquiridos, outros estão em negociação. O grupo criou em Maringá, município da região Noroeste, a BF Paraná, razão social da rede Baú da Felicidade.
Veículo: Valor Econômico