Nestlé pode manter Moça Fiesta, diz o STJ

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A mera semelhança entre o nome de dois produtos não correlatos não impede o registro da marca. Esse foi o entendimento da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao julgar recurso impetrado pela Nestlé S.A. contra a decisão do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) que anulou o registro da marca de leite condensado Moça Fiesta.

 

A decisão, que foi favorável à Nestlé - comandada por Ivan Zurita - foi unânime, seguindo o voto do relator, ministro Fernando Gonçalves.
A decisão do INPI considerou que a Moça Fiesta seria uma reprodução parcial da marca de cidra Fiesta, de propriedade da Agrícola Fraiburgo S.A.

 

Para o instituto, o uso da marca pela Nestlé estaria causando um nítido dano à marca exclusiva de outra empresa.
Apesar de reconhecer que os produtos são de classes diferentes, opinou que eles teriam afinidade mercadológica, por serem do gênero alimentício, portanto poderia haver confusão para os consumidores. De acordo com o artigo 129 da Lei nº 9.279, de 1996, que regula o registro de marcas, a marca da empresa Fraiburgo seria anterior à da Nestlé, portanto teria precedência sobre esta.

 

A decisão teria ainda como fundamento o inciso XIX do artigo 124 da mesma lei, que veda o registro de marcas repetidas, e o artigo 65 da Lei nº 5.772, de 1971, que veda o registro da reprodução total ou parcial de marca já existente no mesmo ramo ou em ramo afim.

 

No recurso ao Superior Tribunal de Justiça, a defesa da Nestlé afirmou que houve aplicação incorreta do artigo 124 da Lei nº 9.279, afirmando que a marca Moça Fiesta não seria uma mera reprodução, por acrescentar a palavra "Moça" à marca.

 

Também teria sido desrespeitado o artigo 129 da mesma lei, segundo o qual o direito de exclusividade da marca é restrito à classe do produto para qual foi concedido, não se estendendo para outros produtos.

 

Destacou ainda que a sua marca já tem mais de 60 anos de registro no país, sendo notória no mercado. Já a defesa do Instituto Nacional de Propriedade Industrial argumentou que, no uso de uma marca, é impertinente esta ser ou não notória e que seria clara a afinidade mercadológica entre os dois produtos.

 

Por fim, afirmou que revolver a questão exigiria o reexame de provas e fatos pelo Superior Tribunal de Justiça, o que é vedado pela Súmula de número 7 do próprio Tribunal.

 

No seu voto, o ministro Fernando Gonçalves reconheceu que o registro de marca exclusiva visa evitar a confusão dos consumidores entre produtos semelhantes, portanto não abrange produtos sem correlação. O ministro destacou que a diferença começaria pela própria localização nos mercados, um ficando na seção de bebidas e outro na de doces.

 

A apresentação dos dois produtos também seria totalmente diferente, um vindo numa garrafa de casco escuro e o outro numa lata de folha-de-flandres.

 

Por fim, os rótulos dos dois produtos também seriam diferentes tanto no padrão de cores como nas imagens utilizadas.

 

O magistrado apontou ainda que há inúmeros precedentes no Superior Tribunal de Justiça sobre o tema.
Com essas considerações, atendeu o pedido e restabeleceu o registro do Moça Fiesta.

 


Veículo: DCI


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