O executivo-chefe da Cadbury, Todd Stitzer, pareceu dar sinais, ontem, de que admite o "sentido estratégico" da combinação entre sua empresa e a Kraft.
O Bank of America/Merrill Lynch revelou que Stitzer disse, em conferência organizada pelo banco de investimento, não supor que a Kraft desistirá da intenção de comprar a Cadbury e que seu "trabalho é conseguir o maior valor possível".
O banco de investimento destacou que Stitzer detalhou oportunidades específicas de sinergias que poderiam ser obtidas com a fusão dos dois grupos multinacionais de alimentos. Após a conferência, a Cadbury ressaltou que as informações eram uma "reflexão imprecisa" do que ele havia dito em um encontro privado e que a posição da companhia em relação à Kraft não mudou.
O Bank of America esclareceu um ponto atribuído a Stitzer em um comunicado que resumiu a conferência. Inicialmente, o informe indicava que Stitzer teria dito que um preço equivalente a 15 vezes seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) seria justo. O banco, posteriormente, ressaltou que ele se referia a várias ofertas anteriores no setor, como a tentativa frustrada da Wrigley para comprar a Hershey, em 2002, que teria oferecido entre 14 e 18 vezes o lajida.
A Cadbury pressiona a Kraft, que a procurou há três semanas com uma oferta preliminar de 745 pence por ação, para apresentar uma proposta formal de aquisição. A empresa pediu à Comissão de Aquisições do Reino Unido que faça valer a regra obrigando o interessado na compra a apresentar uma oferta formal ou desistir da ideia por seis meses.
"Todd admitiu que há certo sentido estratégico em combinar as duas companhias e que não supõe que a KFT [referindo-se à Kraft] desistirá, então, disse que seu trabalho é conseguir o maior valor possível", segundo o informe do Bank of America. "Todd ficaria surpreso em ver outro ofertante aparecer antes de a KFT fazer sua próxima jogada."
Os comentários de Stitzer seguem a linha dos feitos pelo presidente do conselho de administração da Cadbury, Roger Carr, dizendo que a abordagem da Kraft subestima o valor da empresa.
O Bank of America também informou que Stitzer disse que as receitas identificadas pela Kraft em uma aquisição da Cadbury eram "modestas". Além dos cortes de custos, ele afirmou que o grupo combinado poderia ganhar com a distribuição das marcas de chiclete da Cadbury por meio da rede de varejo da Kraft na Alemanha e China.
Veículo: Valor Econômico