Na contramão do mundo, os dois principais acionários individuais do grupo supermercadista francês Carrefour estariam pressionando a empresa a vender seus ativos e abandonar países emergentes como o Brasil e a China. A informação foi divulgada ontem pelo jornal "Le Monde", em Paris, e não foi desmentida pela companhia. Na remota hipótese de abandonar a América Latina, um mercado no qual é líder, o Carrefour poria à venda 1.185 lojas, avaliadas entre 3 bilhões de euros e 5 bilhões de euros. Segundo a reportagem, a pressão pela venda dos ativos de mercados emergentes é feita pelo consórcio Blue Capital, formado pelo fundo de investimentos Colony Capital e pelo empresário Bernard Arnault, dono do grupo LVMH - holding que reúne marcas de luxo como Louis Vuitton e Givenchy. Arnault é também o homem mais rico da França.
O Carrefour Brasil disse ontem que o plano de investimentos e expansão no País está mantido. Por meio da assessoria de imprensa, a rede reafirmou que estão mantidos os planos de investimento de R$ 1 bilhão em 2009 - com aporte da mesma magnitude em 2010 - e de abertura de 70 lojas neste ano. O Carrefour Brasil informou, no entanto, que "o posicionamento internacional do grupo é fornecido pela França".
A Blue Capital detém 13,5% das ações do Carrefour desde sua entrada no capital da empresa, em 2007. A crise entre os dois investidores e os demais acionistas teria origem na queda de 30% das ações do grupo desde a abertura de capital, em março de 2007. Citando uma fonte não identificada e "próxima ao caso", o Le Monde afirma que a direção e o Conselho de Administração do Carrefour estariam sendo alvo de pressões para abandonar a China e o Brasil, além de mercados emergentes menores, o que permitira à Blue Capital recuperar o valor aplicado na compra de ações há dois anos. "(Colony e Arnault) fazem uma pressão gigantesca para encontrar uma solução para seu infortúnio", afirma o executivo.
Na Ásia e na América Latina, o grupo faz 19% de sua receita. Além disso, mercados como o Brasil - onde disputa a liderança com o grupo Pão de Açúcar - e a China são os mais promissores para o grupo. Nos dois países, a marca cresce ao ano 20% e 10%, respectivamente.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ