Com ou sem IPI, linha branca se diz pronta para demanda

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Enquanto o governo apresenta posições antagônicas em relação à prorrogação da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre eletrodomésticos, a indústria se diz preparada para o aquecimento do final do ano, independentemente da decisão sobre o tributo.

 

De acordo com Armando Ennes do Valle Jr., diretor de Relações Institucionais da Whirlpool Latin America (que no Brasil detém as marcas Brastemp e Cônsul), a redução do IPI para refrigeradores, fogões e máquinas de lavar - a chamada "linha branca" -, foi imprescindível para a indústria que registrou uma queda média de 6% nas vendas, nos primeiros quatro meses do ano, na comparação com o mesmo período de 2008. "A medida teve sentido em função do contexto de crise", afirma. "Com isso, tivemos uma recuperação nas vendas, com aumento médio de 20%, de maio a setembro."

 

Para os dois últimos meses do ano, Valle acredita que a redução do IPI pode ter um impacto menos, já que o mercado é naturalmente aquecido com a entrada dos recursos do 13º salário. No entanto, ele acredita que IPI menor e 13º somados possam possibilitar a aquisição de eletrodomésticos ao consumidor que ainda não teve condições de fazê-lo.

 

De qualquer forma, o executivo da Whirlpool afirma que os resultados no final do ano serão muito positivos considerando que o mesmo período de 2008 foi muito ruim. "A base de comparação é muito baixa."

 

Valle acredita que o volume de pedidos à indústria deve variar consideravelmente dependendo da decisão do governo. Isso porque, se a redução do IPI não for prorrogada, deverá haver uma demanda muito alta até o final do mês para que o varejo aproveite para montar estoque para o final do ano a preços reduzidos.

 

Essa percepção é compartilhada por Patricio Mendizábal, presidente da Mabe no Mercosul, detentora no Brasil das marcas GE, Mabe, Dako, Bosch e Continental. "O término da redução do IPI em 31 de outubro vai gerar um incremento nos pedidos antes dessa data e uma queda após ela", disse. Ele alerta que isso poderá causar "turbulências na indústria em termos logísticos e nos padrões de contratação de empregados para a temporada natalina".

 

Segundo Mendizábal, mais do que uma medida anticrise, a redução do IPI foi um primeiro passo para o reconhecimento da essencialidade dos produtos da linha branca. "Foi a decisão certa no caminho de colocar uma lavadora de roupa em cada lar brasileiro, além de incentivar a troca de geladeiras para reduzir o consumo de energia", afirma.

 

Mendizábal defende a prorrogação da redução do IPI por mais três meses "para evitar turbulências no período natalino e obter tempo para dialogar". "Um período inferior a esse aumentaria o risco de desestabilizar o mês de janeiro, que, nos últimos anos, tem sido muito importante", afirma. Para ele, não há outra alternativa viável para "salvar a temporada". "Os pedidos estão animados, mas com a expectativa de prorrogação", afirma.

 

A questão da essencialidade também é defendida pela Whirlpool. Segundo Valle, é uma discussão que deverá ganhar corpo nos próximos meses. Mendizábal ressalta que, "em meio à crise, uma conversa sobre essencialidade de linha branca não era prioridade. Mas, com uma nova prorrogação da redução do IPI, enxergamos mais espaço para essa conversa".

 

Para a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), a possível prorrogação da redução do IPI para linha branca atende à reivindicação do setor e pode até gerar alguns gargalos para as encomendas de última hora, mas a indústria está preparada para atender ao aumento da demanda. A entidade afirma que a falta de determinados produtos em alguns períodos foram pontuais, notadamente em casos de pedidos de última hora feitos pelo varejo.

 

Brasília

 

Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, sinalizam que é viável a prorrogação da redução do IPI para linha branca, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou que o governo não pretende prorrogar a política de desonerações. "Não há mudança nenhuma para o IPI", disse Mantega.

 

Já o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, mantém sua posição pela manutenção do benefício fiscal.

 

Os produtores da chamada linha branca já se preparam para o aquecimento das vendas do fim de ano e garantem que não faltarão produtos, independentemente da decisão do governo sobre a prorrogação da redução do IPI. Segundo Armando Ennes do Valle Jr., diretor de Relações Institucionais da Whirlpool Latin America (que no Brasil detém as marcas Brastemp e Consul), a redução do IPI foi imprescindível para recuperar as vendas da indústria no início do ano, mas para o fim do ano a medida deve ter um impacto menor, porque o mercado já é naturalmente aquecido com a entrada dos recursos do 13º salário.

 

Para Valle, o volume de pedidos à indústria deve variar consideravelmente dependendo da decisão do governo. Se a redução não for prorrogada, deve haver uma demanda muito alta até o final do mês para que o varejo monte seu estoque a preços reduzidos. Essa percepção é compartilhada por Patricio Mendizábal, presidente da Mabe no Mercosul, detentora no Brasil das marcas GE, Mabe, Dako, Bosch e Continental, que defende a prorrogação da redução por mais três meses "para evitar turbulências no período natalino", diz. "Os pedidos estão animados, mas com a expectativa de prorrogação", afirma.

 

Também animado, o varejo prevê aumento de 11% no consumo de produtos das linhas branca e marrom neste fim de ano. A taxa do endividamento familiar na capital paulista - que diminuiu 4% em outubro - e a ampliação do crédito das classes C e D, devem contribuir mais ainda para a alta, segundo Guilherme Dietze, economista da Fecomércio. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) divulgada pela Fecomércio, o total de famílias endividadas baixou de 1,627 milhão em setembro para 1,471 milhão. Já pesquisa do IBGE, aponta para crescimento nas vendas, em agosto, de hipermercados, supermercados, alimentos, bebidas e fumo em 1,4%.

 

Enquanto isso, o setor de veículos importados recupera a projeção de ótimas vendas e segue a forte onda dos nacionais. A previsão é ser este um dos melhores anos do segmento, com crescimento de 30% sobre 2008. Segundo a Abeiva, só em setembro foram emplacados 21,4% veículos a mais que em agosto e 10,4% mais que setembro de 2008. Diversas marcas têm apostado no mercado brasileiro, como a BMW, que espera alta de 60% em suas vendas, até o final deste ano.

 

Focada no segmento da baixa renda, a MRV Engenharia espera fechar este ano com vendas acima de suas expectativas, devido ao Minha Casa Minha Vida.

 


Veículo: DCI


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