Como o dono do Cencosud venceu o Walmart na briga pelo Prezunic
Em quatro ocasiões no ano passado, o bilionário Horst Paulmann, que controla a varejista chilena Cencosud SA, sediada em Santiago, teve encontros com pessoas da família Cunha do Rio de Janeiro, que foram cheios de histórias de sua infância modesta e da origem de imigrante.
A narrativa lembrou a do patriarca Joaquim Cunha, outro titã do ramo de supermercados que veio ainda adolescente de Portugal na década de 1950 para o Brasil. Sua filha Andréa deu os detalhes das conversas durante uma entrevista no escritório da família na Barra da Tijuca em 1º de junho. Paulmann, 77 anos, queria convencer os Cunha a vender para ele sua rede de supermercados, o Prezunic, por R$ 875 milhões, em vez de aceitar uma oferta mais alta doWal-Mart Stores Inc.
No final da quarta reunião, os Cunha, descontentes com o hábito do Wal-Mart de enviar pessoas diferentes em cada estágio das conversas, tomaram uma decisão. “O contato com a Cencosud foi muito mais agradável”, disse Andréa, 34 anos, que presidia a Prezunic Comercial Ltda. antes da venda em novembro. “Meu pai é muito parecido com o Horst Paulmann. O amor dele é pelo supermercado.
Foi um contato de duas pessoas com histórias parecidas.” O Wal- Mart não quis fazer comentários sobre as conversas. A aquisição, a quinta compra de rede de supermercados brasileira pela Cencosud em cinco anos, está ajudando Paulmann a reduzir a desvantagem para o Wal-Mart e outros concorrentes no País.
O empreendedor nascido na Alemanha, que esteve por trás da multiplicação por quatro da cotação das ações da Cencosud desde a abertura de capital em 2004, agora busca captar mais de US$ 1 bilhão para reduzir o endividamento e continuar a expansão pela América Latina.
Com JPMorgan Chase & Co. e UBS AG entre seus assessores, Paulmann tem se encontrado com investidores nos Estados Unidos e na Europa este mês, promovendo sua habilidade de lidar com o cenário de desaceleração mundial e de atingir um crescimento de lucros a partir de uma empresa costurada por pelo menos 16 aquisições na última década.
Ele é a pessoa que mais fecha negócios no varejo latino-americano, segundo levantamento da Bloomberg. A turnê de Paulmann é parte do plano para vender até 243 milhões de ações numa oferta primária avaliada em US$ 1,4 bilhão. Até US$ 745 milhões serão usados para pagar dívidas e US$ 480 milhões para comprar uma fatia de 39% que ainda não controla na Jumbo Retail Argentina SA do UBS AG, de acordo com um comunicado publicado no jornal chileno El Mercurio em 13 de junho.
Veículo: Brasil Econômico