Rede média acha brecha em disputa de líderes

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Enquanto os negócios das gigantes do setor supermercadista na Europa parecem patinar, com anúncios recorrentes de desaceleração nas vendas, como no caso de balanços recentes dos franceses Casino e Carrefour, no Brasil a disputa pela liderança da maior rede do mercado, o Grupo Pão de Açúcar, segue com diversas especulações. Uma delas envolve a saída do sócio Abílio Diniz, que cobraria R$ 7 bilhões para deixar a empresa. Fora isso, muito se discute sobre até mesmo a entrada dele em uma fatia do rival Carrefour. As disputas têm deixado os líderes do setor atarantados; enquanto isso, redes médias como o grupo Peruzzo Supermercados, que atua no Estado do Rio Grande do Sul e faturou aproximadamente R$ 330 milhões no último ano, buscam várias brechas para crescer no mercado interno.

Com a perspectiva de expandir este ano pelo menos 12%, a empresa afirma ter adotado medidas estratégicas, como a compra da rede Lehma Cerealista e a abertura de novas unidades na região.

"Temos crescido em abertura de novas lojas e também aproveitando algumas oportunidades que aparecem de ofertas de outros negócios. Ano passado crescemos 17%. Este ano a ideia é crescer 12% em faturamento nas lojas existentes, além dos novos negócios que vão agregar ou-tros valores. Estamos abertos às oportunidades", conta Lindonor Peruzzo, diretor-geral do grupo. A compra do Lehma, que tem atuação na região de Venâncio Aires (RS), foi anunciada na última semana, fruto de dois meses de negociação. A operação das novas lojas será assumida pelo Peruzzo no dia primeiro de agosto. Com a compra de três unidades, a rede passará a ter 23 pontos de venda em nove municípios. Além de Bagé, sede do grupo, a marca está presente em Dom Pedrito, Pelotas, Santa Maria, Caçapava do Sul, Canguçu, Candiota e Alegrete, cidades pequenas e médias do sul do Rio Grande do Sul.

O diretor faz planos de crescer na região em que já tem conhecimento e bastante experiência. "Nossa área de atuação é focada no sul do estado e nossa ideia é crescer e permanecer dentro da nossa região, que foi a que deu origem ao empreendimento", explica Peruzzo.

Até o final do ano está prevista a abertura de mais uma unidade em Bagé. Será a quinta loja do grupo na cidade de aproximadamente 115 mil habitantes. "Somos a quarta maior rede do estado, queremos competir aproveitando as oportunidades, mas não temos o foco de ser o primeiro, por exemplo", diz Peruzzo.

Na última edição do ranking geral de supermercados brasileiros, elaborado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o grupo Peruzzo ficou na posição de número 51. Segundo os dados apresentados na lista, o faturamento da rede é o terceiro maior dos estabelecimentos com sede no Estado do Rio Grande do Sul e o nono maior da Região Sul.

O público-alvo da rede está, em sua maioria, concentrado nas classes B e C. "Temos lojas com melhor apresentação, ar condicionado, estacionamento coberto e outros diferenciais, por isso focamos um grupo de melhor poder aquisitivo", afirma o diretor do grupo gaúcho. "Nosso diferencial é ter uma equipe comprometida, treinada e uma variedade de produtos que atende plenamente o interesse do nosso público", completa o executivo.

Expectativas

Para Peruzzo, assim como para alguns outros especialistas do ramo, o mercado ainda está muito bom para os supermercados e lojas de alimentos, que passam longe do momento de crise que afeta outros setores da economia brasileira e global. Em relação ao segundo semestre, o diretor também está otimista e espera bons resultados. "Devemos ter um crescimento ainda maior, essa é a nossa aposta. Tanto pela economia, que a gente espera que volte a crescer, como também porque, tradicionalmente, a segunda metade do ano apresenta melhores resultados que a primeira, por conta das festas e do grande número de eventos de fim de ano", ressalta o executivo.

Origens

"Uma empresa familiar que hoje está se profissionalizando e buscando profissionais do mercado para tocar sua gestão." É assim que Lindonor Peruzzo define sua empresa. Tudo começou em agosto de 1993, com a aquisição da Padaria Moderna, em Bagé. No ano seguinte foi inaugurado o primeiro supermercado, na Rua Bento Gonçalves, da mesma cidade. Em 2006 o grupo adquiriu três tradicionais postos de combustíveis de Bagé, ampliando ainda mais sua área de atuação.

Em 2008 foi a vez de a rede investir no mercado de vinhos e espumantes, inaugurando a Vinícola Peruzzo, que utiliza nos rótulos das bebidas a mesma bandeira presente nos supermercados. O estabelecimento conjuga vinhedo e cantina, com perto de 16 hectares de área para vinhedos próprios no Forte Santa Tecla, também em Bagé. A vinícola tem capacidade de produção para até 100 mil garrafas.

Pela Internet, a loja virtual da vinícola comercializa garrafas que custam em média R$ 30,00. Os primeiros produtos apresentados foram um vinho tinto cabernet sauvignon, um vinho branco chardonnay, e uma linha de espumantes: extra-brut, brut e demi-sec. Em 2009 o Peruzzo entrou na cidade de Alegrete com a compra de três unidades da Cooperativa Agroindustrial Alegrete Ltda. (Caal). No ano seguinte expandiu sua atuação para o Município de Santa Maria, onde adquiriu as quatro lojas dos Supermercados Dois Irmãos. Hoje a rede já emprega quase 1.800 pessoas em todas as suas unidades.

Ascensão mineira

Assim como o Grupo Peruzzo, outra rede estadual de crescimento surpreendente é a Multi Formato, que atua na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG). Dona das bandeiras Super Nosso, que atende o consumidor final, e Apoio Mineiro, atacadista responsável por 60% do faturamento do grupo, a companhia registrou no ano passado um aumento de 59% do faturamento, que passou de R$ 646 milhões para cerca de R$ 1 bilhão.

Desta forma, a rede já aparece entre as vinte maiores do segmento no Brasil, soma atualmente 22 lojas e pretende fechar o ano com um crescimento de 30%.

"Para o consumidor, a nossa marca vem sendo consolidada ao longo dos anos com o posicionamento de preço baixo no Apoio Mineiro e um diferencial muito grande nos serviços do Super Nosso. Os clientes vêm aprovando nosso serviço e ainda temos uma política comercial bem agressiva", comentou Rodolfo Nejm, diretor-comercial do grupo em recente entrevista ao DCI.
 


Veículo: DCI


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