Grupo francês PPR deve dividir a Redcats para facilitar venda

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O grupo francês PPR planeja vender a Redcats em pedaços, após não ter conseguido encontrar um comprador para a varejista on-line como um todo, de acordo com duas pessoas próximas ao assunto.

Um mercado de dívida problemático tornou a Redcats muito cara para os interessados na comprar num só bloco, disseram as fontes. O PPR vai dividir a varejista de artigos de vestuário e de acessórios para casa segundo linhas geográficas, tentando vender separadamente suas operações nos Estados Unidos, na Escandinávia e na Europa, bem como as marcas Vertbaudet e Cirilo, segundo outra fonte. Ao menos uma parte poderá ser vendida até o fim deste ano, disse a fonte.

"O processo de venda da Redcats está em andamento", disse Paul Michon, um porta-voz do PPR. "Assim como no que diz respeito a qualquer outra alienação da PPR, escolheremos a melhor opção para os envolvidos na Redcats e no PPR."

Em 2010, o PPR anunciou planos de vender a Redcats e outros ativos varejistas (inclusive a rede Fnac, de eletroeletrônicos e livros) para se concentrar no setor de luxo, esportivo e de marcas associadas a estilo de vida. A alienação, já afirmou a companhia, poderia ajudar a dobrar as vendas para € 24 bilhões em torno de 2020. Após vender a rede de lojas de mobiliário Conforama no ano passado, o PPR adiou um leilão da Redcats em setembro, dizendo que a crise da dívida soberana tinha dificultado a obtenção de financiamento pelas firmas de "private equity".

O PPR, também proprietária da marca Gucci, aumentou as expectativas de que um negócio seria fechado neste ano, após separar a Redcats de sua contabilidade em janeiro de 2011. Embora a companhia tenha conseguido se desfazer de outras empresas cobrando um prêmio, o atraso no processo de venda está prejudicando suas ações em bolsa, segundo Antoine Belge, um analista do HSBC. A situação não limita a capacidade de o PPR realizar aquisições, desde que mantenha o mercado posicionado sobre a alienação de suas operações, disse ele.

A aquisição, no ano passado, da Volcom, empresa de roupas para a prática de surf e skate por US$ 607,5 milhões é indicativa da dimensão das operações em que o grupo PPR está interessado, disse seu executivo-chefe, Francois-Henri Pinault. O PPR confirmou na semana passada estar em negociações para comprar uma empresa chinesa no setor de artigos de luxo.

O atraso na venda da Redcats implica que o PPR poderá receber menos do que esperava pelo negócio como um todo. O analista Belge estima o valor total da divisão em € 949 milhões. Antes de o leilão ter sido suspenso, no ano passado, o PPR avaliou o negócio em até € 2 bilhões, disseram à época pessoas com conhecimento do assunto.

Depois que Pinault descartou um fracionamento da Redcats, em fevereiro, o vice-presidente Jean-François Palus disse em abril que a empresa iria encontrar uma solução no "melhor interesse" do PPR e de seus acionistas. "Estamos conversando com possíveis compradores e as coisas estão progredindo muito bem", disse Palus em 25 de abril.

As partes interessadas são principalmente fundos de investimento em participações", disse Pinault em fevereiro.

As ações do PPR estão sendo negociadas com um desconto em relação a concorrentes no setor de artigos de luxo, como a LVMH e a Richemont, porque a Redcats e a rede Fnac, que atua nos setores de mídia e de aparelhos eletrônicos e que também deve ser vendida, são menos rentáveis e têm perspectivas de crescimento mais fraco. O PPR estima que a relação preço/lucro para este ano é de 11,6 vezes. A proporção do Bloomberg European Fashion Index é de 18 vezes.

As ações do grupo PPR caíram 1,4% este ano. As ações da LVMH, maior fabricante mundial de artigos de luxo, avançaram 8,8%.

O PPR já começou a desagregar a Redcats. Uma subsidiária da Versa Capital Management , com sede na Filadélfia, adquiriu as lojas da Avenue, loja de roupas femininas de tamanhos grandes, nos Estados Unidos, em abril. A Redcats também concluiu a venda da marca de artigos de vestuário Somewhere para seus administradores no mesmo mês.

La Redoute é a maior operação da Redcats, tendo respondido por cerca de um terço dos seus € 3 bilhões em vendas no ano passado. A unidade, que vendeu seu primeiro catálogo de pedidos entregues pelo correio em 1928, na França, oferece itens que vão desde leggings por € 13,79 a fornos de micro-ondas por € 399,99 em mais de 20 países.

"É mais fácil fracioná-la", disse Leopold Authie, analista da Oddo & Cie, em Paris, referindo-se à Redcats. "O cenário mais provável é que a PPR a venda em pedaços".



Veículo: Valor Econômico


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