Possível inconsistência nos números levou família Klein a tentar rediscutir fusão entre Pão de Açúcar e Casas Bahia
A Companhia Brasileira de Distribuição (Pão de Açúcar) disse ontem, em comunicado, que não há qualquer menção a inconsistências ou erros nas demonstrações financeiras da Globex no levantamento feito pela KPMG nas contas das empresas que compõem a Viavarejo. Essas 'inconsistências' estão na base de um questionamento da família Klein, fundadora da Casas Bahia, que tenta rever a fusão realizada em 2009. Segundo comunicado do Pão de Açúcar, a associação que criou a Viavarejo é "irretratável do ponto de vista legal, tanto quanto à sua existência quanto às suas características de controle".
A família Klein e o Grupo Pão de Açúcar vêm travando disputas em relação à Viavarejo praticamente desde que decidiram fundir as empresas. Desta vez, os Klein apontam erros e inconsistências nas demonstrações da Globex (Ponto Frio) capazes de alterar a relação de troca de ações das empresas.
No comunicado, o diretor de Relações com Investidores do Pão de Açúcar, Vitor Fagá de Almeida, esclarece que a KPMG está realizando trabalhos de escopo específico determinados pelo conselho de administração da Viavarejo. Esses trabalhos, segundo o executivo, estão sendo realizados na Globex, Nova Casas Bahia, Nova Pontocom e Indústria de Móveis Bartira, e ainda estão em andamento.
Em relação ao levantamento, o Pão de Açúcar diz que não há qualquer menção a inconsistências ou erros nas demonstrações financeiras da Globex. "Neste sentido, o uso de informações preliminares, descontextualizadas, assim como qualquer conclusão ou especulação a seu respeito é inconsequente, precipitada, distorcida e danosa", diz o diretor de RI.
Na segunda-feira, o advogado da família Klein, Ivo Waisberg, disse ao Estado que a situação entre as empresas precisa ser rediscutida. "Existe um problema que pode ser relevante e a gente precisa apurar. Por isso, enviamos uma notificação para abrir negociações sobre as eventuais inconsistências no balanço da Globex usado na transação."
O Pão de Açúcar diz que já contranotificou a família Klein. Afirmou ainda que "trata o assunto com a máxima atenção e seriedade e adotará as medidas cabíveis e tomará as decisões pertinentes com base em informações consolidadas, no foro e momento adequados". Caso não entrem em acordo no prazo de 30 dias, os empresário Samuel e Michael Klein ameaçaram entrar com pedido de arbitragem.
Veículo: O Estado de S.Paulo