Carrefour tem Brasil como carta na manga

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Companhia poderia vender ações da filial brasileira e levantar até ¤ 2 bilhões



O Carrefour tem passado por uma série de mudanças desde que seu ex-presidente viu a tentativa de se unir ao maior grupo varejista do Brasil fracassar no ano passado, e a maior economia da América do Sul pode acelerar essas transformações.

Seis meses após se tornar presidente- executivo do maior varejista da Europa e segunda maior do mundo, Georges Plassat foi responsável pela desativação de negócios em países não estratégicos para recuperar a deficitária operação de hipermercados e levantar o caixa.

O Carrefour ainda tem cartas na manga, como a venda de parte das operações no Brasil para financiar a expansão neste que é umdos mercados de consumo que mais crescem no mundo. O Brasil é o segundo maior mercado do grupo após a França, com 13,5% das vendas em 2011.

A companhia, que já levantou ¤ 2,8 bilhões (US$ 3,6 bilhões) com a venda de unidades na Indonésia, Colômbia e Malásia, pode garantir de ¤ 1,5 bilhão a ¤ 2 bilhões com desinvestimentos na Turquia, Polônia, Romênia e Taiwan, além de ¤ 1 bilhão a ¤ 2 bilhões com a listagem de uma fatia minoritária no Brasil, segundo analistas. “Acreditamos que os planos de alienação não acabaram, embora não esperemos mais desinvestimentos em escala tão grande até o fim do ano”, disse o analista Pierre-Edouard Boudot, da Natixis, acrescentando que uma alienação minoritária no Brasil “pode fazer sentido”.

O Carrefour ocupa a vice-liderança no varejo brasileiro, com 13% do mercado, atrás do Grupo Pão de Açúcar, controlado pelo arquirrival Casino, e à frente do gigante norte-americano Wal- Mart. O presidente do Conselho do Pão de Açúcar, Abilio Diniz, tentou unir as operações do grupo às do Carrefour no Brasil no ano passado, contrariando um longo relacionamento com o Casino. O Casino frustrou os planos e garantiu o controle da varejista, como esperado.

Um alto funcionário do setor financeiro em Paris afirmou que uma oferta de venda no Brasil seria uma “possibilidade única” de “levantar capital”. O Carrefour não comentou o assunto.

Foco no Brasil

O Carrefour deve destinar às operações europeias grande parte recursos que obteve com as vendas de operações, já que investiu na Europa de ¤ 1,6 bilhão a ¤ 1,7 bilhão em 2012, ante ¤ 2,3 bilhões. Segundo analistas, este atual nível — cerca de 2% das vendas — mal cobre o custo de manter as lojas.

O grupo também precisa de caixa para reduzir dívida—cerca de ¤ 7 bilhões no fim de 2011 — e manter os preços baixos na França para elevar o movimento nos hipermercados. Mais recursos podem ser necessários para acelerar a expansão na China e no Brasil, embora Plassat ainda tenha de mapear os planos nesses países.

As vendas na China têm sido prejudicadas pela desaceleração econômica, mas o Brasil tem ocupado os holofotes, com crescimento de vendas de 9,7% no terceiro trimestre. Caso o Carrefour decida acelerar a expansão no Brasil, listar uma parte do negócio pode ser uma opção para obter recursos. “Umpotencial IPO (oferta pública inicial) no Brasil pode ser viável e teria um impacto bastante significativo”, afirmaram analistas do Barclays, em nota.

Segundo o banco, a venda de 25% das operações no Brasil, avaliadas em ¤ 4,7 bilhões, poderia resultar em ¤ 1,2 bilhão. Informações não confirmadas na mídia apontam que o Carrefour pode tentar listar uma parte minoritária da sua joia da coroa no Brasil, o Atacadão.

O analista Gildas Aitamer, da PlanetRetail, disse que o Atacadão precisa acelerar a expansão de lojas para alcançar a crescente concorrência do Assaí, do Pão de Açúcar, e do Maxxi, do Wal-Mart. A Natixis estima que um IPO do Atacadão pode resultar em ¤ 1 bilhão a ¤ 2 bilhões. Já a Exane BNP, que avalia o Atacadão em ¤ 5 bilhões, prevê que a listagem de 20% a 25% resultaria em ¤ 1 bilhão.


Veículo: Brasil Econômico


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