Rede varejista suspende executivos de alto escalão e adia abertura de lojas no país por causa de uma investigação interna sobre suborno
A Walmart's India Joint Ventures suspendeu vários executivos de alto escalão e adiou a abertura de algumas lojas do país por causa de uma investigação interna sobre suborno, informou ontem a companhia.
Esse é o mais recente de uma série de revezes sofridos pelas operações da gigante internacional, e ocorre em um momento particularmente delicado porque as autoridades indianas acabam de permitir que varejistas estrangeiras como a Walmart abram suas lojas no país. A investigação da companhia aparentemente encorajou os parlamentares da oposição em Nova Deli que tentam derrubar a decisão do governo a respeito das concorrentes estrangeiras.
A Bharti Walmart, uma sociedade entre o conglomerado indiano Bharti Enterprises e a Walmart, informou num comunicado que suspendeu "alguns funcionários" para garantir "uma investigação completa e profunda". O jornal The Economic Times noticiou que entre os funcionários suspensos estão o diretor financeiro e sua equipe de assessores jurídicos, mas a companhia não confirmou a informação.
Suborno. No início deste mês, a Walmart anunciou que ampliara uma investigação sobre suborno até a Índia, China e Brasil, que inicialmente se concentrara no México.
Em abril, The New York Times noticiou que executivos da sede da companhia no Estado de Arkansas silenciaram a respeito de uma investigação interna que descobriu evidências confiáveis de que sua subsidiária mexicana pagara subornos com a finalidade de abrir mais lojas no país.
A Bharti Walmart tem 18 lojas de atacado na Índia que podem vender produtos para outras empresas, como varejistas, hotéis e restaurantes.
A maioria de suas lojas localiza-se no norte da Índia, mas a companhia planejava expandir-se nos próximos meses no sul e no oeste do país.
Esses planos agora foram adiados, mas a companhia disse em um comunicado: "Estamos muito animados com a oportunidade de promover as nossas operações em uma das economias mais vibrantes do mundo".
A Walmart's Indian joint ventures fornece também para cerca de 200 supermercados que pertencem à sua sócia Bharti Retail, e que opera sob a marca Easyday.
As autoridades indianas também investigam num inquérito separado a possibilidade de a Walmart ter violado normas sobre investimentos estrangeiros concedendo à Bharti Retail um empréstimo sem juros de US$ 100 milhões que mais tarde se converteria numa participação acionária que controlaria a companhia. Ambas as companhias negaram ter violado as normas sobre investimentos da Índia.
Em setembro, as autoridades indianas afirmaram que companhias estrangeiras como a Walmart poderiam entrar diretamente no setor varejista com um sócio local desde que não detivessem mais de 51% do empreendimento. A medida adiada várias vezes foi aprovada em meio a significativa oposição política - como resultado, um importante partido político regional retirou seu apoio da coalizão de governo em Nova Deli, liderada pelo Partido do Congresso Nacional indiano. Dias depois da mudança, funcionários da Walmart disseram que abririam lojas no país em apenas um ano e meio.
Pressão. Quinta e sexta-feira, parlamentares da oposição interromperam a sessão do Parlamento, para exigir que o governo permitisse um debate e uma votação sobre a mudança de sua política para a área varejista, exigência que foi atendida.
Os recentes desdobramentos da investigação interna da Walmart poderão fortalecer a oposição, porque as autoridades já lutam para se recuperar das acusações de corrupção que envolvem setores como telecomunicações, energia e mineração.
"Essa é a demonstração de que essas são as práticas adotadas pela Walmart no mundo inteiro", disse Prakash Javadekar, parlamentar do Partido Bharatiya Janata, o maior da oposição, disse em entrevista por telefone. "Isso intensificará o debate."
Embora não se saiba exatamente o que os investigadores da Walmart procuram, analistas indianos afirmam que comumente é descoberta a prática de corrupção em setores como o varejo, regidos por numerosas normas federais, estaduais e municipais que costumam se sobrepor.
Em alguns Estados, as cadeias de varejo precisam obter de 50 a 60 aprovações antes de poderem abrir uma loja, processo que pode levar meses, e que propicia numerosas oportunidades de suborno, disse Arvind Singhal, presidente da Technopak Advisors, empresa de consultoria especializada em varejo. Frequentemente, a regulamentação é um remanescente de uma era distante. As lojas que querem vender termômetros, por exemplo, precisam obter a aprovação de um departamento de pesos e medidas, segundo Singhal.
Veículo: O Estado de S.Paulo