De grande representatividade no norte do País - região em que o potencial de crescimento tem atraído um número significativo de novas empresas -, a rede Yamada não tem a pretensão de atingir todo o Brasil com seus supermercados, mas de atender bem os clientes no Pará.
Fundada na década de 50 pelos imigrantes japoneses da família Yamada, primeiramente surgiu no ramo varejista como uma loja de departamentos, conforme explicou Fernando Yamada, presidente da empresa, em entrevista exclusiva ao DCI. "Minha família pesquisou por muito tempo, participou de convenções do setor antes de abrir uma operação supermercadista", disse ele.
A trajetória no ramo começa em 1980, quando os empresários da rede ampliaram uma das suas lojas de departamentos no Pará ao inserir uma sessão de alimentos. "Inserimos apenas o setor de alimentos, pois em nossa loja já existia a parte de higiene pessoal, têxtil entre outras", disse, e completou: "Deu muito certo essa nossa iniciativa".
Mesmo em um período em que a inflação não era favorável, a medida de expandir as operações para o ramo alimentar trouxe frutos positivos aos negócios da família Yamada. "Nós começamos nossa operação automatizados: os preços não ficavam nas gôndolas, o que facilitava a operação. Mesmo com tudo isso, a maior dificuldade foi entender o setor, pois éramos fornecedores, não varejistas", aclarou o executivo.
De lá para cá, a rede abriu 20 supermercados - sendo que o grupo é composto por 36 operações, se se somarem os magazines da rede - e para este ano é previsto investimento de R$ 20 milhões na abertura de duas novas operações alimentares, na reforma de algumas unidades existentes e em tecnologia para tornar mais profissionalizada e rápida a operação do Grupo Yamada.
"Não temos um plano agressivo de expansão. Vamos abrir duas novas lojas e reformar as que já estão em operação e precisam de atenção. Estamos em um processo de interiorização da nossa bandeira há oito anos", disse ele.
Os novos negócios continuarão na mesma região, tendo como foco maior o interior do Pará e o Amapá, conforme explicou o executivo. Ao lhe ser perguntado se projeta uma expansão para regiões como o sudeste ou o centro-oeste, por exemplo, o empresário afirmou que a rede opera bem na região em que atua, e que ainda há muito espaço para esse crescimento regional.
Entraves
Como em qualquer região brasileira, a logística é o maior entrave para as operações da família Yamada. O executivo explicou que, por ser um estado recortado por rios, por vezes os produtos chegam aos estoques da rede por meio de barcos ou aviões de carga.
"A logística no norte é bem complicada, diferente da do sudeste e do sul, em que existe um número significativo de rodovias que permitem o acesso a outros estados. Aqui dependemos de barcos para que os produtos cheguem às lojas", disse Yamada.
Novamente questionado sobre se o pacote de infraestrutura lançado pelo governo no ano passado não ajudaria na melhoria do abastecimento de suas lojas, Fernando Yamada mostrou-se otimista, mas fez questão de ressaltar que não é de hoje que o governo federal e o estadual afirmam que vão melhor a questão logística no norte do País.
"No pacote o projeto rodoviário há muito tempo está traçado. A Transamazônica [lançada no governo do presidente Emílio Garrastazu Médici] e outras estradas estão projetadas há mais de 40 anos, e ainda não foram completamente finalizadas. Se isso chegar à região será ótimo para as redes que aqui operam", enfatizou ele. E acrescentou: "O governo do Pará tem feito algumas coisas, mas é preciso fazer muito mais para ter efeito".
Representante do setor
Além dos desafios em manter as operações da família rentáveis, mesmo com um mercado que mostra desaceleração, Fernando Yamada tem outro desafio. O empresário assumiu neste mês de janeiro a presidência da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em substituição a Sussumu Honda que assume outras funções dentro da entidade.
O executivo acredita que com a união entre todas as entidades atuantes em outros estados, será a forma mais fácil de ajudar a impulsionar o crescimento do setor supermercadista no País. "Ao trocarmos experiência e nos unirmos, ficará mais fácil traçar metas de crescimento para o setor", disse ele ao DCI.
Yamada fez questão de ressaltar que o governo tem dado maior atenção a esse nicho de mercado nos últimos anos. "Um dos problemas ao setor está na tributação. Com a iniciativa do governo de desonerar a folha de pagamento da cadeia produtiva e do varejo, acredito que será mais fácil contornar os períodos de vendas mais baixas", explicou. O empresário projeta um crescimento de pelo menos 5% este ano.
Veículo: DCI