Abilio Diniz define meta de 100 dias para a BRF

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Os novos interesses do empresário

Com ajuda do consultor Claudio Galleazzi, novo presidente do conselho tem dito a interlocutores que o objetivo é 'revisitar' estrutura da companhia

O empresário Abilio Diniz estabeleceu um prazo de 100 dias para desenhar sua estratégia para a BRF, empresa resultante da fusão entre Sadia e Perdigão. Ele assumiu recentemente o posto de presidente do conselho de administração e, aos 76 anos, enfrenta seu primeiro desafio fora do Pão de Açúcar, varejista fundada por seu pai.

Nesse período, o consultor Claudio Eugênio Galeazzi, da Galeazzi & Associados, ganhou uma sala na BRF e está se reunindo com todas as lideranças da empresa. Com os vice-presidentes, vai para a terceira rodada de conversas.

Sua equipe, formada por seis pessoas, também começou a conversar com diretores e gerentes executivos.
A meta de 100 dias foi mencionada por Abilio em sua primeira reunião na BRF, da qual participaram cerca de 60 pessoas. O encontro ocorreu no fim da manhã do dia 10 de abril, logo após ele assumir o cargo. Com base nessa data, o prazo expira em meados de julho.

Abilio tem dito a interlocutores que "pode chegar a conclusão de que não há nada a ser alterado", mas o
objetivo é "revisitar" a estrutura BRF. Em sua primeira coletiva de imprensa como presidente do conselho. ele
disse que sua maior contribuição à BRF será na gestão.

Galeazzi tem fama de enxugar empresas para elevar sua rentabilidade. Segundo fontes do setor, a operação da BRF está adequada, mas a área comercial é grande. Isso ocorreu porque, para aprovar a fusão de Sadia e Perdigão, a BRF vendeu as marcas Rezende e Confiança para o concorrente Marfrig, mas manteve a equipe de vendas.

O objetivo da empresa era evitar que a "inteligência do negócio" migrasse para o concorrente e ganhar tempo para avançar ainda mais com as marcas líderes. Essa equipe de vendas, formada por mais de mil pessoas, foi deslocada para produtos in natura. Por enquanto, porém, não há evidências de que vão ocorrer demissões na BRF.

Grupo. Abilio vai a empresa todos os dias, muitas vezes com roupas informais, mas não tem sala. Ele costuma despachar junto com o presidente executivo, José Antonio Fay, de quem tem dito que "aprende muito".

Às terças-feiras, participa da reunião de um novo grupo estratégico criado para discutir o futuro da empresa. O grupo é formado por Abilio e três conselheiros: Sérgio Rosa, ex-presidente da Previ (fundo de pensão dos
funcionários do Banco do Brasil), Pedro Faria, sócio do fundo privado Tarpon, e Valter Fontana, da família
fundadora da Sadia.

Com apoio de Previ e Tarpon, Abilio substituiu Nildemar Secches na presidência do conselho da BRF. Secches foi o responsável pelo crescimento da Perdigão e pela fusão com a Sadia, mas alguns sócios capitaneados pela Tarpon acreditam que a empresa pode ser mais "agressiva". Procurados, BRF e Abilio não comentaram.

O envolvimento de Abilio Diniz com a BRF foi um caminho encontrado pelo empresário para compensar a diminuição de sua influência no Grupo Pão de Açúcar, que passou a ser controlado pelo Casino no ano passado. Em briga aberta com os sócios franceses, Abilio não vai recuar tão cedo, mas decidiu diversificar seu tempo, seus investimentos e seu arco de interesses. Desde o ano passado, já investiu mais de R$ 1 bilhão em ações da BRF.



Veículo: O Estado de S.Paulo


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