Nos anos 80, os supermercados brasileiros passaram a disponibilizar sacolas plásticas nos caixas dos supermercados para que os clientes carregassem os produtos para casa. Desde então, as famílias deixaram de colocar as compras em sacos de papel, e os saquinhos plásticos viraram produto básico. Só no ano passado, os brasileiros usaram cerca de 12,9 bilhões de unidades de sacolas, que custaram R$ 500 milhões aos supermercados. Segundo a Plastivida Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos, entidade que representa fabricantes do setor, 9 bilhões de unidades seriam suficientes para atender às necessidades dos consumidores.
O presidente da associação, Miguel Bahiense, diz que o nível de consumo adequado não é atingido porque as grandes redes supermercadistas não são signatárias de um programa para estimular o consumo consciente. A Plastivida reclama do acordo feito entre os membros da Associação Paulista de Supermercados (Apas), de parar de oferecer sacolas plásticas feitas com petróleo no Estado de São Paulo a partir do dia 25 de janeiro. Os fabricantes alegam que a medida vai prejudicar as vendas e fechar postos de trabalho.
Segundo a Apas, os 1.200 associados com 4 mil lojas do Estado de São Paulo vão participar do movimento de deixar de oferecer gratuitamente as sacolas plásticas. Os varejistas vão cortar o gasto com a compra para incentivar o uso da sacola retornável, e já começaram a encomendar as biodegradáveis, que serão cobradas dos clientes. O preço deve ficar em torno de R$ 0,20.
O custo da sacolinha tradicional está incluído no preço dos produtos oferecidos nas gôndolas dos mercados. Para João Galassi, presidente da Apas, a inflação do setor supermercadista vai cair ao longo dos anos, pois o varejo não terá mais essa despesa.
Estimativas indicam que São Paulo consome cerca de 40% das sacolinhas plásticas produzidas no país e que elas representam quase 0,5% do faturamento das empresas. Ou seja, se os supermercados do Estado já tivessem deixado de comprar, as fabricantes teriam deixado de vender 5,1 bilhões de unidades no ano passado.
De olho na onda verde, a Embalixo, fabricante e distribuidora de sacos para lixo no país, correu atrás de uma solução e conseguiu adaptar sua produção. Em fevereiro de 2011, a empresa começou a produzir sacos com o plástico verde da Braskem, feito de cana-de-açúcar. Só no ano passado foram produzidas cerca de 1.800 toneladas, o equivalente a 90 milhões de sacos.
Rafael Costa, diretor da empresa, diz que ainda produz o plástico de petróleo, mas que a demanda pelo novo produto provocou um incremento de 30% nos pedidos para a primeira quinzena do ano.
A Braskem inaugurou a fábrica do plástico verde em 2010, que produz cerca de 200 mil toneladas do produto ao ano. A empresa não divulga a atual utilização da capacidade instalada, mas diz que a planta ainda não opera na capacidade máxima e deve alcançar esse nível entre 2012 e 2013.
Adaptar a produção para matéria-prima que não utiliza petróleo não é simples. "Ninguém está migrando [para outro tipo de plástico]. A quantidade de material disponível para fazer [sacola] biodegradável é ínfima", diz Alfredo Schmidt, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (Abief).
Veículo: Valor Econômico