É dado como certo, por analistas e empresas, que o setor de cartões deve ter sua competitividade aumentada. A dúvida é em relação ao prazo para que isso comece a afetar a velocidade de crescimento das grandes credenciadoras, Redecard e Cielo, que pode ser de um prazo curtíssimo - ainda neste ano - a um período mais longo, de dois a três anos.
O diretor de Relações com Investidores da CSU Cardsyustem, Décio Burd, é um dos que acreditam em um efeito ainda este ano. "O fim das exclusividades irá trazer impacto para todos. Os custos vão cair e permitir a entrada de novos players nesse mercado", analisa. O executivo se refere ao contrato de exclusividade entre Cielo e Visa. "Antigamente, para o lojista ter a bandeira Visa no estabelecimento, precisava da VisaNet. Agora, já deve haver uma disputa maior entre Cielo e Redecard, que levará os preços para baixo", completa.
Além disso, Burd lembra que novas processadoras não precisarão fazer o investimento inicial em tecnologia para entrar nesse mercado, estimado por analistas em cerca de R$ 200 milhões. "É possível terceirizar esse serviço. A própria CSU já o disponibiliza, o que diminui os gastos de entrada no mercado e muda o panorama da competição", avalia. Ainda segundo ele, as bases irão cair, e os resultados das empresas continuarão a ser "ótimos, porém não mais espetaculares como atualmente", afirma.
Para o presidente da consultoria Dib & Associados, Gilberto Dib, o mercado deve demorar um pouco mais a sentir realmente os efeitos de uma concorrência maior, "de dois a três anos". "A Redecard e a Cielo devem começar uma estratégia de redução de preços nesse período mais longo. Em uma primeira etapa, haverá a regulamentação, e depois um período de adaptação."
Para ele, um panorama com maior número de bandeiras e processadores não irá significar queda dos números atuais. "Poderá haver um crescimento mais lento das grandes, mas não irão perder mercado." O analista diz ainda que um dos motivos é o crescimento vegetativo do mercado, estimado em torno de 20% ao ano. "Ainda há um potencial de credenciamento e uso de cartão muito grande no País, o que deve garantir esse crescimento sustentável por um bom período", afirma.
Burd, da CSU, avalia que com maior competição o crescimento do mercado possa passar a 25% ao ano. "Com disponibilidade de mais pontos-de-venda, haverá um crescimento expressivo, e a concorrência irá proporcionar taxas de juros menor."
A Cielo registrou em 2009 lucro líquido recorrente de R$ 1,536 bilhão, alta de 37,8% ante o R$ 1,115 bilhão de 2008. A receita operacional líquida somou R$ 3,627 bilhões, um crescimento de 25,4% na comparação com o ano fiscal anterior. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado atingiu R$ 2,45 bilhões, aumento de 38,9% na mesma comparação, com margem Ebitda de 67,6%. Ontem, a companhia anunciou o lançamento de seu programa de American Depositary Receipts (ADRs) Nível 1, com o Deutsche Bank como banco depositário.
A Redecard obteve um lucro líquido de R$ 1.394,6 milhões em 2009, crescimento de 16,6% sobre 2008, com uma receita operacional líquida 18,9% maior que a de 2008, a R$ 3.077,1 milhões. O Ebitda ajustado chegou a R$ 2.199,0 milhões, alta de 24,4% em comparação a 2008.
Mesmo com a perspectiva de que a regulamentação do mercado de cartões pelo Banco Central não saia nos próximos meses, alguns agentes de mercado já dão como certo o acirramento da competição no setor, com a entrada de novas empresas, além de Redecard e Cielo (ex-VisaNet).
O diretor de Relações com Investidores da CSU Cardsystem, Décio Burd, acredita que o mercado vai mudar ainda em 2010. "O fim das exclusividades irá trazer impacto para todos. Os custos vão cair e permitir a entrada de novos players nesse mercado", analisa. O executivo se refere ao contrato de exclusividade entre Cielo e Visa. "Antigamente, para o lojista ter a bandeira Visa no estabelecimento, precisava da VisaNet. Agora deve haver uma disputa maior entre Cielo e Redecard, que levará os preços para baixo."
Veículo: DCI