Mulher quer cerveja light, leve e clara, diz pesquisa

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"Light", clara, leve e embalada em garrafa de vidro. Essa é a cerveja ideal para o público feminino, segundo 3 mil mulheres de todo o Brasil entrevistadas pela Sophia Mind, empresa de pesquisa e inteligência de mercado do Grupo Bolsa de Mulher. Mas o produto ainda não existe no Brasil, mesmo sendo o país o quarto maior produtor mundial de cerveja do planeta. "Estamos atrasados com relação a outros mercados", diz Douglas Costa, gerente de marketing do Grupo Petrópolis.

 

A cervejaria, segundo ele, estuda lançar a cerveja light "em breve". "Não vai ser para este ano, mas não vamos demorar muito", afirmou o executivo. As mulheres, segundo a Petrópolis, são - em número - cerca de 40% dos consumidores de cerveja do mercado. "Em volume, como elas bebem menos, elas são responsáveis por algo entre 15% e 20% do consumo", diz o Costa.

 

Conforme o levantamento do Grupo Bolsa de Mulher, que ouviu consumidoras de nível superior, com idades entre 25 e 50 anos, realmente o número de mulheres que consome cerveja é expressivo. "Entre as pesquisadas que consomem alguma bebida alcoólica - 47% do total - 88% delas bebem cerveja", conta Ciça Mattos, diretora de marketing do grupo, que contratou uma mestre cervejeira para produzir o equivalente a 4,5mil 'long necks' da bebida - conforme o indicado pelas entrevistadas - para distribuir a profissionais de propaganda de 26 agências de propaganda. "É uma forma criativa de chamar a atenção para que as pessoas que fazem a comunicação do produto passem a pensar mais na mulher consumidora de cerveja", diz Ciça.

 

A pesquisa também mostrou que 60% das consumidoras pagariam mais caro por uma cerveja melhor. Ou seja: de baixa caloria, mais clara e leve. Para o diretor de marketing do Grupo Schincariol , Luiz Taya, ainda é cedo para lançar uma cerveja "light" no mercado nacional. "Embora o mercado brasileiro seja grande, o consumo per capita anual ainda é muito baixo, está entre 50 e 55 litros por pessoa", diz. Para aceitar segmentações, como a da cerveja "light", diz ele, o mercado deveria ser mais maduro, com consumo entre 70 e 80 litros por pessoa ao ano.

 

O estudo do Grupo Bolsa de Mulher também apontou que 84% das consumidoras experimentariam uma cerveja feita para mulheres e 83% provariam uma bebida com sabor diferente. Mas, na prática, as cervejarias preferem continuar fabricando produtos que consideram "unissex". "Não faz muito sentido fazer produtos segregados", diz Costa, da Petropólis. "Nossa política é agradar a todos. Por isso, em nossa propaganda, se há uma mulher de biquini, também aparace um homem de calção", afirma.

 

Porém, conforme a pesquisa, 70% das entrevistadas responderam que consideram as propagandas de cerveja machistas e estereotipadas. "De fato, a energia do universo cervejeiro é uma energia machista", afirma Taya, da Schincariol. Mas, segundo ele, quando um grupo de mulheres vai a um boteco e pede uma rodada de cervejas, as consumidoras sentem um certo "status" ao invadir esse universo tradicionalmente masculino. "É por isso que nas propagandas de Nova Schin usamos humor tanto do ponto de vista masculino quanto do ponto de vista feminino", diz ele. Em um dos filmes da Schin, um homem atende o celular quando durante um jogo de pôquer com amigos e diz, para uma mulher do outro lado da linha: "Escuta aqui você: estou na casa de um amigão, (...), tomando um cervejão e não vou embora agora, não!". "Mas há outro filme em que os homens estão assistindo jogo e um deles pergunta: onde está sua esposa? A imagem muda e elas estão todas em um 'happy hour', em um bar, tomando cerveja", diz Taya.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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