Bebidas: Aumento da renda, altas temperaturas, Copa e oferta diversificada impulsionam vendas
O ano de 2010 vai ficar na história como aquele em que mais se vendeu cerveja no Brasil. As estimativas do mercado são de que o volume vendido nacionalmente ultrapasse os 126 milhões de hectolitros, ou seja, 14 milhões de hectolitros a mais que em 2009. Além de mais gente comprando cerveja, o brasileiro passou a beber mais. De acordo com dados da Euromonitor, o consumo per capita de cerveja passou de 54 litros em 2007 para os atuais 64,4 litros. Um crescimento de 19,2% no volume consumido por habitante, que fez o Brasil passar de 48º colocado no ranking global de 2007 para a 23ª posição em 2010.
"A estabilidade econômica, a oferta maior de tipos de cerveja e de novas embalagens foram os principais impulsionadores nessa alta do consumo per capita", diz Douglas Costa, gerente de marketing do Grupo Petrópolis, dono da marca Itaipava.
"Claro que a Copa do Mundo ajudou, mas a alta no consumo é sustentada", diz Costa. "Mesmo depois do Mundial, as vendas continuaram em alta e devem seguir crescendo em 2011 porque o brasileiro está bebendo mais", afirma. A Petrópolis, segundo ele, deve fechar o ano com alta nos volumes vendidos entre 11% e 12% e a expectativa é manter esse ritmo no ano que vem.
O crescimento acontece mesmo com os preços da cerveja sofrendo reajustes acima da inflação. Conforme o Índice de Preços ao Consumidor do Município de São Paulo calculado pela Fipe, a cerveja teve alta de 7,72% entre janeiro e o fim de novembro deste ano. No mesmo período, a inflação medida pelo índice ficou em 5,83%.
Para a Ambev, líder de mercado com uma participação de 68% das vendas, o clima também pesou para elevar o consumo. "O ano foi quente, o que favorece as vendas de cerveja. Além disso, o fator renda foi positivo e a indústria também colaborou, com muitas inovações", afirma Alexandre Loures, gerente de comunicação da companhia. Só no Brasil, nos três primeiros trimestres do ano, a Ambev acumulava 59,913 milhões de hectolitros de cerveja vendidos - 14,1% a mais que o total dos primeiros nove meses de 2009.
"Foi um ano sem precedentes", diz Luiz Claudio Taya, diretor de marketing do Grupo Schincariol. "Dependendo da região, o crescimento de Nova Schin chegou a 10% em volume", afirma ele, comparando resultados com o ano passado.
Mas mesmo com o aumento do consumo per capita, o Brasil ainda não está entre os maiores do ranking mundial. A campeã de consumo continua sendo a República Tcheca, mesmo com uma queda nos volumes de 160 litros por habitante em 2007 para 151,2 litros em 2010, conforme a Euromonitor. A Alemanha vem em segundo, com 108,2 litros por pessoa (há três anos eram 120 litros). Na lista da Euromonitor, os Estados Unidos vêm em 10º lugar, com 77,3 litros em 2010 (contra os 89 litros per capita de 2007). A diminuição do consumo nesses países é reflexo da crise econômica mundial que, pelo menos no campo da cerveja, ainda surte efeitos negativos.
Na América Latina, o Brasil ainda está atrás do consumo dos venezuelanos, que figuram em 16º no ranking global e em primeiro na região. No país vizinho, o consumo está em 70 litros por pessoa. Há três anos, esse volume era bem maior - 84 litros por pessoa. Na Argentina, o consumo cresceu - embora ainda seja menor que o do Brasil. Por lá, o total por habitante subiu de 41,4 litros em 2007 para 46,4 litros, colocando o país na 31ª colocação no ranking global.
Veículo: Valor Econômico